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segunda-feira, 29 de setembro de 2025

O nó de 24 quilates – Parashat Haazinu

Aquele que realiza uma boa ação está criando um anjo protetor, e aquele que transgride cria um anjo acusador.

Rabino Lazer Brody

“… todos os Seus caminhos são justiça…” (Deuteronômio 32:4)

O Rabino Nisim Yaguen, de bendita e santa memória, contou a seguinte história, de importância fundamental nestes dias sagrados:

Faltavam oito minutos para o horário de fechamento. Todas as mulheres que tinham ido à mikve naquela noite já haviam realizado a imersão, e a encarregada — uma mulher muito enérgica, com pouco mais de trinta anos — já tinha arrumado e limpo o local. Como não havia mais ninguém para atender, decidiu fechar a mikve, especialmente porque naquela noite precisava ir ao casamento de um parente no outro extremo da cidade. Enquanto trancava a porta de entrada com a chave, uma jovem chegou correndo, muito ofegante, e exclamou: “Ah, não! Não me diga que já vai fechar! Saí correndo de casa para vir à mikve porque não tinha ninguém para cuidar do bebê! Por favor, me deixe entrar — ainda faltam cinco minutos para o horário de fechamento!”.

“Sinto muito”, respondeu friamente a encarregada. “Hoje já encerramos. Já terminei de limpar e preciso ir a um casamento. Se eu não sair agora, não chegarei a tempo.”

“A senhora não entende”, retrucou a mulher, com tom de súplica. “Eu observo o Shabat e a pureza familiar, mas meu marido não. Ele é um caminhoneiro muito corpulento, e se tem algo que ele odeia no mundo é ter que esperar duas semanas por mês para conseguir o que quer. Ele não se importa nem um pouco se eu vou ou não à mikve. Se a senhora não me deixar entrar, ele vai me forçar, porque me avisou que não esperaria nem mais um único dia. Eu lhe peço, por compaixão! Se eu não me imergir hoje, terei a mesma punição que comer no Yom Kipur — ou até pior…”.

“Sinto muito, não posso ajudá-la. A senhora deveria ter se preocupado em vir mais cedo.”

“Mas eu cheguei a tempo!”

“Sim, mas quando a senhora terminar, já vai ser meia hora depois do horário de fechamento, e eu tenho outros compromissos esta noite”, disse a encarregada da mikve, apontando para sua roupa de festa e seu colar de ouro, aludindo ao casamento.

“Mas será que a mikve não é a sua obrigação principal? Como a senhora não entende? Sou uma baalat teshuvá (mulher judia que retornou às suas raízes e começou a cumprir os preceitos), e meu marido não. Se eu não me imergir agora, amanhã será tarde demais…”.

Todas as súplicas caíram em ouvidos moucos. A encarregada da mikve trancou o local e entrou em um táxi.

A pobre mulher ficou ali parada, sem acreditar no que acontecera, olhando o táxi se afastar, e então desatou a chorar. Sabia perfeitamente o que a esperava em casa.

Nove meses depois, ela deu à luz um menino. Por mais que tentasse, não conseguiu disciplinar aquela criança tão desobediente, que mais tarde se tornou um homem atrevido e mal-humorado, constantemente envolvido em problemas com todo mundo.

Dezenove anos se passaram desde aquela fatídica noite.

A cidade de Bnei Brak ficou em choque. Uma gangue de jovens delinquentes inventou um esquema de emboscar mulheres que iam a salões de festas. Os ladrões corriam atrás da vítima, arrancavam-lhe os colares de ouro do pescoço. O ouro macio e fino geralmente se rompia com facilidade, e então o ladrão fugia correndo. Mas, dessa vez, o ladrão arrancou do pescoço de uma mulher de cerca de cinquenta anos um colar grosso e trançado de 24 quilates, que não se quebrou tão facilmente. O ladrão puxou o colar repetidamente, mas a corrente não se rompeu. A mulher tentou gritar, mas não conseguia — estava se asfixiando. Por fim, caiu no chão. O ladrão foi preso, mas a mulher perdeu a vida.

A vítima era a encarregada da mikve, dezenove anos depois. O ladrão era o jovem concebido naquela noite em que sua mãe não foi autorizada a entrar na mikve.

Sim, o final não é feliz. É aterrorizante, pois demonstra a profundidade da justiça Divina. O Rabino Eliezer ben Yaakov ensina na Ética dos Pais que aquele que realiza uma boa ação está criando um anjo protetor, e aquele que transgride cria um anjo acusador.

Nossos Sábios ensinam que há certas transgressões que não podem ser corrigidas — aquilo que o rei Salomão chama de “os tortos que não se podem endireitar”, como, por exemplo, a criança nascida de uma relação extraconjugal, que não pode fazer nada quanto ao seu status de mamzer.

Meu querido mestre e guia espiritual, o Rabino Shalom Arush, escreve em seu mais recente livro, “No Jardim da Pureza”, cuja edição em espanhol em breve será lançada, sobre as profundas consequências que as circunstâncias da concepção têm sobre a criança que está por nascer e sobre seu futuro. Este livro deveria ser leitura obrigatória para todo homem.

Em resumo, a partir da história citada, podemos aprender quatro lições fundamentais:

1. O bem ou o mal que fazemos aos outros, cedo ou tarde, volta para nós.
2. As circunstâncias da concepção do bebê — e especialmente a pureza familiar — exercem uma profunda influência sobre a criança e seu futuro.
3. Aqueles que ocupam cargos de responsabilidade pública ou religiosa devem saber que sua função e prioridade principal é servir ao público, e que há coisas que não podem ser negociadas.
4. Assim como nos ensina a porção da Torá desta semana, a justiça de Hashem é absoluta e precisa.


Breslev.com

segunda-feira, 22 de setembro de 2025

Mensagem de Hosh Hashaná - 5786

Aproxima-se o momento em que um ano se desvanecerá com o ocaso e um anoitecer nos transportará a um novo ano.

Ouça este artigo:

E, nesses instantes que formam a fronteira entre o passado e o futuro, nos reuniremos em nossas sinagogas, envolvidos por pensamentos em que se mesclam esperança e saudade, arrependimento e gratidão, alegria antecipada e resquícios de sentidas mágoas.

Na percepção da fragilidade do ser humano e no reconhecimento do quanto erramos, buscaremos alcançar o perdão, a ser concedido por nossos próprios corações, por aqueles que nos cercam, pela fraternidade dos seres humanos e, principalmente, pelo Eterno.

Ante o aproximar de um novo ano, nosso pensamento se divide entre dois sentimentos: o de esperanças que projetamos para o futuro e o da tentativa de compreensão do que ocorreu no passado.

Está para ser virada uma página do livro de nossa vida. Será que ela marcou o crescimento de nossas realizações, o amadurecimento de nossa inteligência, a realização de nossa potencialidade, o aprofundamento de nossa fé, a conscientização de nossas responsabilidades para com nosso povo e para com toda a sociedade em que vivemos?

Será que cada instituição de nossa coletividade, voltada para a ajuda aos necessitados, recebeu nosso total apoio, cumpriu sua função, trouxe alívio para os que sofrem, conforto para os solitários, medicação aos enfermos, apoio aos anciãos, carinho às crianças?

Os dez dias que se estenderão de Rosh Hashaná até Iom Kipúr nos proporcionarão a possibilidade de uma introspecção perscrutadora, em que ponderaremos os valores que pautaram nosso comportamento e buscaremos, através da inspiração da fé, conscientizar-nos de que nossos atos são parte integrante do diálogo existencial com Deus em que se constitui nossa vida e, dessa forma, procuramos dar-lhes significados mais profundos e critérios mais nobres.

Imensa será a saudade com que lembraremos aqueles que nos deixaram, e pensaremos em como manter viva sua imagem, aplicando em nosso comportamento os exemplos e atitudes nobres que os caracterizaram.

Admiraremos, com alegria, os primeiros passos na vida dos que nasceram nesse ano, e pensaremos em como poderemos nos constituir em exemplos positivos para a nova geração.

Continuaremos tentando compreender, na complexidade da vida social e política do recém-iniciado século 21, o porquê de tanto ódio, tanta incompreensão, tantas guerras, e reafirmaremos nosso tradicional compromisso e nossa total responsabilidade de cumprir a missão que há quatro milênios foi entregue a Abrahão: "Sê tu uma bênção para todos os povos."

Em nossas preces, lembraremos todos os seres humanos, rogando que, para todos, o ano seja repleto de saúde, paz, realizações e bênção. Rogaremos para:

Que todos os que creem no Eterno possam ter a certeza de seu caminho, tenham força e confiança para enfrentar os obstáculos que se lhes antepuserem, e possam ser abençoados com a felicidade de cumprir suas metas.

Que tenhamos humildade bastante para reconhecer nossos erros e coragem suficiente para repará-los.

Que cada um se sinta comprometido em dedicar uma parte de seus esforços em benefício da comunidade da qual participa.

Que nossas ações contribuam para que:

  • Haja menos ódio, menos incompreensão e menos violência.

  • Haja mais compreensão, amor, paz e fé.

  • Que mais crianças sorriam.

  • Que menos pais tenham motivos para chorar.

  • Que os poderosos do mundo se curvem ante a justiça das causas.

  • Que os justos tenham reconhecida, perante todos, a força do direito.

Que o Brasil seja para todo o mundo o exemplo de um país que constrói em harmonia, se desenvolve em segurança e convive em justiça e fraternidade.

E que o Eterno conceda inspiração, criatividade e disposição para o trabalho a cada um de seus habitantes, para que o esforço conjunto de todos transforme subdesenvolvimento numa palavra do passado; dependência econômica em algo desconhecido; crise de energia numa etapa superada; e estado de exceção, uma exceção nunca mais repetida.

Que uma paz completa e duradoura seja alcançada no Oriente Médio e que Israel possa se desenvolver com segurança, ajudando, com sua tecnologia e seu exemplo de democracia, a melhorar o padrão de vida de todos os seus vizinhos.

Que não haja mais distorções nos noticiários a respeito de Israel e que o mundo todo compreenda que cooperação, paz e desenvolvimento conjunto são as verdadeiras metas deste país, e que sua consecução trará benefícios para toda a humanidade.

Que a ética, a moral e a fé de Israel se irradiem por toda parte, tornando realidade o versículo que diz: Ki mitsion tetsé Torá udvar Hashém mirushaláyim – "Pois de Tsión emanará o ensinamento da Torá, e de Jerusalém, a palavra do Eterno."

Que possam todos os homens do mundo expressar a totalidade de seu sentimento para com o próximo por meio de nossa tradicional saudação:


🌿✨ *SHALOM!* ✨🌿


Mensagem extraída do livro:

Na Espiral do Tempo - Uma viagem pelo calendário judaico de David Gorodovits - Editora Sefer

sexta-feira, 19 de setembro de 2025

Devemos emular a compaixão de Hashem

Tu és o Rei

Ouça este artigo:

Segundo nos ensinam os Rabinos, em Rosh Hashaná temos que coroar Hashem como corresponde, pois não o fazemos durante o resto do ano. Nosso foco é muito limitado e temos tendência a nos esquecer. Por isso, devemos nos esforçar de forma especial para infundir em nossa consciência a realidade de que Hashem é o Rei.

Muitas vezes caímos sob a influência do velho e insensato rei, ou seja, o Instinto do Mal, que usurpa a autoridade do verdadeiro Rei. Pensamos que temos liberdade de fazer o que quisermos, mas na realidade somos prisioneiros de guerra do Instinto do Mal. Somos seus servos cada vez que fazemos algo que vai contra nós mesmos e que danifica a nossa alma.

Temos que nos render à Monarquia de Hashem e nos colocar sob as asas de Sua compaixão infinita. Diz o Rabino Natan que o principal aspecto de coroar Hashem como Rei é o arrependimento — o ato de retornar a Ele com todo o coração. Precisamos ser humildes e anular nossa lógica e nossas opiniões subjetivas, que são tão, mas tão limitadas. Precisamos aceitar Sua soberania com total simplicidade.

Nossa tarefa consiste em iluminar o mundo com a luz de Hashem. Quanto mais crescermos em emuná (fé) e temor reverencial de Hashem, mais Sua compaixão se revelará a nós e ao mundo inteiro.

Nossa correção individual e nacional consiste em deixar de reclamar e agradecer a Hashem. Após a missão fracassada dos espiões, o povo de Israel chorou e reclamou sem nenhum motivo. Até hoje seguimos pagando o preço daquele trágico erro. Devemos corrigir essa falta agradecendo a Hashem profusamente por todas as bênçãos que Ele nos deu e continua nos dando. Não apreciar todas as bênçãos que temos anda de mãos dadas com o hábito de reclamar continuamente.

Em hebraico, a palavra “judeu” é iehudí, que significa “dar graças”. Quando não damos nada por garantido, podemos ser felizes. A gratidão é a principal tarefa do judeu. A ingratidão é a raiz de todos os problemas, enquanto a gratidão evoca o perdão que mitiga os juízos severos.

A gratidão invoca a Compaixão Divina

Em um dos CDs de emuná conta-se a história de um jovem cujo irmão havia adoecido de câncer. Os médicos já tinham desistido, afirmando que não havia esperança de recuperação. O Rabino Shalom Arush recomendou ao jovem que dissesse a seu irmão para começar a agradecer a Hashem pela doença durante cinco minutos por dia.

Esse irmão havia crescido em um kibutz antirreligioso e era totalmente contrário à religião. No entanto, a situação era desesperadora e ele não tinha a quem recorrer, então decidiu aceitar o conselho. Assim, começou a agradecer a Hashem cinco minutos todos os dias. De forma milagrosa, em poucas semanas, o tumor cancerígeno desapareceu por completo!

À redação de Breslev Israel chegam inúmeros exemplos diários de salvações milagrosas que acontecem quando as pessoas começam a agradecer a Hashem pelas situações difíceis em que se encontram. Neste caso, o relato é especialmente marcante porque o protagonista era uma pessoa totalmente “anti” (religiosa), o que ressalta o tremendo poder da gratidão e a infinita compaixão de Hashem.

Devemos emular a compaixão de Hashem

Iom Kipur expia unicamente os pecados cometidos contra o Criador. Uma pessoa não pode se dizer “religiosa” e, ao mesmo tempo, falar mal dos outros. O judaísmo exige que respeitemos e ajudemos cada ser humano.

No Tratado Sanedrin conta-se sobre uma sala de estudos que estava cheia de gente. De repente, Rebi pediu que a pessoa cujo hálito tivesse cheiro de alho saísse da sala, porque o odor era difícil de suportar. Rav Hiyá se levantou e saiu para evitar que a pessoa em questão sofresse vergonha, e então todos os outros também saíram. No dia seguinte, o filho de Rebi perguntou a Rav Hiyá por que ele havia saído da sala de estudos, encerrando toda a sessão. Rav Hiyá respondeu que jamais se deve humilhar um ser humano, muito menos em uma casa de estudo.

Bom caráter — saber como se comportar — é um pré-requisito e uma consequência da Torá. A Torá nos ordena a nos apegar a Hashem. Devemos agir como Hashem: ser compassivos, compreensivos e saber perdoar.

No mérito de emular Hashem e sermos pessoas sensíveis, amáveis, pacientes, compreensivas, generosas e que sabem perdoar, que Seu Reino se manifeste em todo o mundo e que todos vocês sejam abençoados com um maravilhoso novo ano!

A redação Breslev Israel


** Traduzido com AI.

quarta-feira, 17 de setembro de 2025

Religioso? Pra quê? – Nitzavim

Para que eu preciso ser religioso? Por que não basta ser uma boa pessoa? Não sei se você já ouviu essa pergunta...

Rabino David Charlop

Para que eu preciso ser religioso? Por que não basta ser uma boa pessoa? Não sei se você já ouvido essa pergunta, mas gostaria de compartilhar com você alguns pensamentos sobre o tema. Comecemos com alguns versículos da leitura da Torá desta semana que nos servirão de antecedente.

"Eis que pus diante de ti a vida e o bem, e a morte e o mal… para que ames a Hashem teu Deus, para que sigas os Seus caminhos… e escolhas a vida para que tu e a tua descendência vivam."

Esse versículo é ao mesmo tempo inspirador e um tanto desconcertante. A Torá nos implora que "escolhamos a vida". Será que precisamos que a Torá nos incentive a escolher o óbvio? Só pessoas que não estão bem da cabeça escolheriam o contrário. Além disso, as opções dos versículos parecem extremas: a vida e a morte, o bem e o mal. Existem realmente apenas dois caminhos? De fato, a vida está tão cheia de tons de cinza que fica um pouco difícil nos relacionarmos com versículos que nos pintam a vida em preto e branco.

A leitura da Torá desta semana sempre cai nos dias que antecedem Rosh Hashaná. Há uma pergunta clássica ligada a esse período, que trata das questões mencionadas antes. Os rabinos nos ensinam que em Rosh Hashaná se abrem três livros. O primeiro é para os justos, ou tzadikim, que são imediatamente inscritos para a vida. O segundo é para os ímpios, que são imediatamente inscritos para a morte. O terceiro é para as pessoas que estão no meio, nem totalmente justas nem totalmente más, cujo julgamento é adiado até Yom Kipur. Segundo esse ensinamento, o decreto final é, em última análise, apenas uma das duas opções. Será que é assim de verdade? Há apenas dois caminhos? Além disso, o que acontece com os justos que não chegam a viver o ano todo? Será que eles não são realmente justos?

Você já assistiu às Olimpíadas? Sem dúvida, já foi testemunha de algumas atuações incrivelmente inspiradoras. É provável que tenha visto entrevistas com os vencedores da medalha de ouro que descrevem o longo caminho até conquistar o tão almejado prêmio. Foi fácil o caminho? Invariavelmente, os atletas relatam a longa e dura jornada rumo ao triunfo. Refletem sobre as dificuldades, o anseio pela grandeza e, finalmente, o sabor embriagador do sucesso. É óbvio que ser simplesmente "bom" não tem lugar nas Olimpíadas e não produz vencedores de medalhas de ouro.

Em todos os campos imagináveis — música, teatro, literatura, ciência ou o que for — o objetivo é sempre a grandeza. Ser bom não faz com que um ator ganhe um Oscar, nem que um estadista receba o Nobel da Paz, nem que um cantor consiga lotar salas de concerto. Exigimos excelência em todos os aspectos da vida, mas, curiosamente, quando se trata da própria vida, conformamo-nos em ser simplesmente "bons". Como alguém pode resignar-se a ser apenas uma "boa" pessoa? Não se entende…

Uma das razões pode ser que não temos uma ideia clara de como medir a grandeza na vida, então nos conformamos com "ser bons". Quando Hashem nos pede que escolhamos a vida e o bem, a que Ele se refere? A umas férias nas Bahamas? A ter três Mercedes por família? Tentemos definir a vida e o bem. Creio que chegaremos a uma definição ao definir seus opostos.

Todos conhecemos o famoso relato do Gênesis em que ao primeiro homem foi dito que não comesse do Fruto do Conhecimento e que, se o fizesse, morreria. Adão consumiu o fruto e, eis que não morreu imediatamente. De fato, viveu mais 930 anos. Há várias explicações para entender essa aparente discrepância, mas uma abordagem em particular é relevante para nosso debate. Sabemos que imediatamente depois de comer a fruta, Adão foi expulso do Jardim do Éden e foi enviado a vagar, afastado da proximidade com Hashem que havia sentido enquanto estava no Jardim. Aquele vagar, esse afastamento de Hashem, é a "morte" mencionada na história. Para o judeu, o fator que define a vida e a morte é a proximidade ou o afastamento da Fonte da Vida.

Hashem nos indica nossas opções: a vida e a morte, o bem e o mal, e nos suplica que escolhamos a vida. Não apenas ser "bons", mas conectar-nos à vida eterna que se encontra em Sua Torá. Em essência, Ele nos está dizendo: "Por que se conformar em ser apenas uma pessoa 'boa' se você pode se conectar comigo? Por favor, não faça da mediocridade uma meta de vida". Essa é a escolha que Hashem nos apresenta — uma vida cheia de significado e propósito último, ou a morte, uma existência basicamente sem sentido.

Fonte: Breslev.com

segunda-feira, 8 de setembro de 2025

O amor mais puro

O único consolo de uma geração que sofre em uma escuridão espiritual sem precedentes é que a luz chegará em breve, se D'us quiser.

Rabino Shalom Arush

Ouça este artigo:

A Guemará nos diz que a escuridão mais densa precede o amanhecer. O único consolo de uma geração que sofre em uma escuridão espiritual sem precedentes é que a luz chegará em breve, se D'us quiser.

A inclinação ao mal nunca foi tão forte, e a escuridão espiritual e moral nunca foi tão profunda. Já é difícil por si só quando uma pessoa nasce na Sibéria ou na selva amazônica e nunca ouviu falar do judaísmo. Não estou me referindo a essas pessoas, mas sim a judeus observantes da Torá — até mesmo rabinos — que foram dominados pela inclinação ao mal por meio de fantasias e acabam fazendo exatamente o oposto do que a Torá ensina.

Como saber se alguém está realmente cumprindo seus deveres de acordo com a Torá? Há uma pergunta de diagnóstico rápido que todos podem se fazer: tenho *shalom bait*, paz no lar matrimonial? Se a resposta for negativa, então é preciso começar a estabelecer prioridades, deixando de lado todo o resto e concentrando-se em construir um casamento feliz. Não há nada mais importante — nem mesmo o estudo da Torá. A paz conjugal é a prova mais clara de que uma pessoa está vivendo conforme os ensinamentos da Torá. E a ausência de paz matrimonial demonstra exatamente o contrário. Quando alguém não vive aquilo que aprende, seu aprendizado passa para o lado escuro, o *sitra ajra*. Por essa razão, a paz conjugal é um pré-requisito absoluto para o crescimento na Torá.

Como pode uma pessoa afirmar ser um erudito da Torá ou um líder espiritual se não ama o próximo — que é o mandamento mais básico de todos? Os sorrisos e a amabilidade devem começar em casa, onde não há plateia aplaudindo nem exposição pública. Se você quer saber quem uma pessoa realmente é, observe como ela age com sua esposa em casa, não como age quando prega do púlpito.

Muitos maridos só percebem seu erro quando já é quase tarde demais — depois de receberem ordens de restrição e notificações judiciais contra si. Ingenuamente, encolhem os ombros e me escrevem dizendo que não fizeram nada errado, que não bateram na esposa nem lhe negaram dinheiro. Será que um marido que não bateu nem deixou sua esposa passar fome pode ser chamado de "bom marido"? Obviamente, eles não leram o *Jardim da Paz* antes de se casar. A Guemará afirma que uma mulher só obtém satisfação por meio de seu marido. O bom marido é aquele que pensa nela, que a escuta e se esforça verdadeiramente para fazê-la feliz em todos os sentidos. Ele se levanta para ajudá-la. Nem estamos falando aqui do amor físico, que, em essência, não é amor, mas diversão.

A cabeça e o coração de um marido carinhoso devem estar livres de luxúria. Suas únicas motivações no relacionamento conjugal devem ser trazer felicidade à esposa e criar uma família. No momento em que ele busca satisfazer suas próprias necessidades, passa a ser um receptor e não um doador. Como o marido é o doador e a esposa é a receptora, quando ele se torna receptor, ela fica sem marido — e duas mulheres nunca se dão bem na mesma cozinha.

Todo homem deve saber que não há nenhuma dispensa na Torá para olhar para outras mulheres. A imagem de sua esposa deveria ser a única imagem presente em sua mente.

Então, o que fazer se você está mal no seu casamento? Dedique trinta minutos por dia de sua oração pessoal para pedir a Hashem que o ajude a cuidar dos seus olhos e a construir um relacionamento feliz com sua esposa. Santidade pessoal e doação a ela são as palavras-chave.

quinta-feira, 4 de setembro de 2025

Acorda pra vida! | O Jardim da Emuná - Fé || Rav Aharon Noeh

A mensagem central do vídeo enfatiza a importância da emunat hashem (fé completa no Criador), oração e autoconhecimento para enfrentar as dificuldades da vida. O orador destaca que as tribulações são oportunidades de crescimento espiritual e que a conexão com Hashem é essencial para encontrar propósito e significado nas experiências diárias.

Destaques:

  • A emuná, ou fé, é fundamental para nossa conexão espiritual e para enfrentarmos desafios. Acreditar que tudo acontece para o nosso bem nos fortalece e nos guia na vida.
  • O mês de Lul é um período importante para arrependimento e conexão com o Criador. É um tempo de reflexão e de fazer boas ações para melhorar nossa vida.
  • Ter emunat em nós mesmos e na Torá é essencial para superar dificuldades. Essa crença nos permite entender que temos poder espiritual para alcançar nossos objetivos.
  • A prática diária de oração e estudo é crucial para vencer desafios pessoais. A dedicação a essas atividades transforma nossa vida e nos ajuda a crescer espiritualmente.
  • O julgamento após a morte é um tema central, onde nossas ações são registradas em um livro da vida. As consequências de nossas ações diárias podem levar a um destino espiritual, positivo ou negativo.
  • A prática de Bodedut é crucial, pois permite arrependimento e compreensão das ações. Isso resulta em um "carimbo" positivo no livro da vida.
  • Falar mal dos outros é comparado a assassinato, imoralidade e idolatria, pois danifica a alma da pessoa e a reputação dela. Isso gera consequências espirituais severas.
  • Comportamentos como desperdício e corrupção acarretam dívidas espirituais, levando a reencarnações em formas inferiores. A pureza da alma é fundamental para evitar tais destinos.
  • Não devemos deixar as complexidades da vida nos vencer. Precisamos reconhecer que somos uma neshamá, uma centelha divina que deseja viver e brilhar intensamente.
  • A luta constante e a busca por aché são essenciais para nossa evolução espiritual. Enfrentar dificuldades nos torna mais humildes e nos aproxima de Hashem.
  • A humildade, a emunat e o desejo formam uma entidade única que nos conecta a Hashem. Reconhecer nossas limitações é crucial para cultivar essa conexão.
  • A prática diária de gratidão e oração fortalece nosso relacionamento com Hashem. Mesmo em tempos bons, devemos buscar essa conexão de forma constante.
  • A busca por um propósito espiritual é essencial para uma vida significativa e gratificante. Quando reconhecemos nossa necessidade de conexão com Deus, tudo se torna mais doce e valioso.
  • Famosos e ricos frequentemente enfrentam solidão e desespero sem uma conexão com Deus. Isso evidencia a importância de buscar um propósito espiritual diariamente.
  • Problemas na vida podem ser vistos como oportunidades de crescimento espiritual. Essa perspectiva nos ajuda a enfrentar dificuldades com mais facilidade e resiliência.
  • A compaixão de Deus se revela em nossas vidas quando pedimos ajuda. Este relacionamento íntimo nos permite superar desafios e encontrar significado em nossa jornada.
  • A eletricidade deve passar por transformadores e disjuntores para ser segura, assim como a luz divina de Achem precisa ser administrada para não sobrecarregar nossas almas. Dessa forma, somos preparados para receber uma maior iluminação espiritual.
  • A comparação entre a eletricidade e a luz divina mostra a necessidade de preparação espiritual. Precisamos nos tornar recipientes adequados para receber essa luz.
  • A narrativa dos quatro rabinos que entraram no pomar destaca a importância do preparo espiritual. Apenas um deles saiu em paz, provando a necessidade de estar pronto para a luz divina.
  • O exemplo de Rabi Akiva ilustra como esforços pessoais e superação de desafios podem fortalecer nosso eu espiritual. Ele se tornou um grande sábio apesar de suas dificuldades.
  • As dificuldades da vida são essenciais para o crescimento espiritual e pessoal. Elas nos aproximam de Hashem, fortalecendo nossa alma e nos preparando para enfrentar os desafios.
  • Rabiaquiva, apesar de rejeições, tornou-se um exemplo de perseverança e profundidade espiritual, em contraste com seus colegas que não enfrentaram as mesmas dificuldades.
  • As lutas pessoais são oportunidades para pedir ajuda a Hashem, permitindo que possamos entender melhor nosso propósito e fortalecer nossa confiança nele.
  • Reconhecer que os desafios são caminhos para a iluminação espiritual ajuda a transformar desespero em esperança, motivando o crescimento pessoal e espiritual.
  • A busca da alma por luz durante momentos de escuridão é essencial para superar dificuldades. Essa jornada traz crescimento espiritual e aproximação a valores divinos, mesmo em tempos desafiadores.
  • As dificuldades enfrentadas na vida muitas vezes motivam a busca por uma conexão mais profunda com a espiritualidade e o sentido da vida. Isso é evidenciado por histórias de grandes sábios.
  • A relação entre dificuldades e a intensidade da oração é destacada, onde momentos de dor levam a uma maior busca por respostas e conexão com a divindade.
  • A ideia de que as dificuldades são temporárias e podem ser vistas como oportunidades de crescimento espiritual é enfatizada, encorajando a resiliência e a perseverança na emunat.

A emunat pode oferecer apoio em momentos difíceis de várias maneiras interligadas. Aqui vão alguns aspectos práticos e psicológicos que costumam aparecer quando a fé está presente:

Como a emunat pode ajudar em momentos difíceis?

1) Consolação e esperança

  • Sentimento de propósito: acreditar que há um propósito maior por trás das dificuldades pode reduzir o desespero imediato.
  • Luz no escuro: a emunat frequentemente oferece uma perspectiva de que as situações desafiadoras são temporárias e que mudanças são possíveis.

2) Estrutura e rotina espiritual

  • Práticas regulares: oração, meditação, leitura de textos sagrados ou rituais ajudam a criar uma rotina estável em meio ao caos.
  • Disciplina emocional: essas práticas podem acalmar a mente, reduzir a ansiedade e melhorar o foco.

3) Sentido de comunidade e pertencimento

  • Apoio social: comunidades de emunat costumam oferecer redes de apoio, encorajamento e compaixão, o que reduz o isolamento.
  • Compartilhamento de dificuldades: trocar experiências com pessoas que passam por situações similares pode trazer compreensão e esperança prática.

4) Ensinamentos sobre resiliência

  • Aceitação e transformação: muitos ensinamentos de fé falam sobre aceitar o que não se pode mudar, ao mesmo tempo buscando crescimento pessoal no que é possível.
  • Caridade e serviço: ajudar os outros pode dar significado às tribulações próprias e criar um senso de agência.

5) Regulação emocional e significado

  • Mindfulness religioso: a prática de estar presente durante momentos difíceis pode ser fortalecida pela fé.
  • Narrativa de superação: transformar o desafio em uma história de superação com valores centrais (fé, gratidão, humildade) pode fortalecer a resiliência.

6) Perspectiva sobre o sofrimento

  • Sofrimento como dimensão humana: a emunat pode oferecer a visão de que o sofrimento não é sem sentido, mas pode ter um propósito maior ou lições aprendidas.
  • Confiança na misericórdia/divina providência: para muitos, isso reduz a sensação de abandono e aumenta a esperança de que as coisas podem melhorar.

O papel da oração na vida espiritual

A oração é uma prática central em muitas tradições de emunat e pode cumprir várias funções importantes para o desenvolvimento espiritual, emocional e comunitário. Abaixo estão alguns aspectos comuns de como a oração atua na vida espiritual:

1) Comunicação com o divino

  • Conexão direta: a oração é um meio de conversar com Hashem, Deus, ou o sagrado, buscando intimidade, louvor, gratidão e pedido.
  • Expressão de desejo e confiança: permite externar anseios, dúvidas e confiança na providência divina.

2) Foco e disciplina interior

  • Rotina espiritual: horários de oração ajudam a estruturar o dia e manter a mente voltada para valores espirituais.
  • Calma mental: a prática repetitiva pode reduzir o ruído mental, promovendo concentração e serenidade.

3) Regulação emocional

  • Processamento de emoções: a oração oferece um espaço para reconhecer medo, dor, gratidão e esperança.
  • Resiliência: ao compartilhar orações de dificuldade, a pessoa pode sentir apoio simbólico e emocional.

4) Desenvolvimento de virtudes

  • Humildade e gratidão: reconhecer limitações próprias e agradecer pelas bênçãos cultivam atitudes positivas.
  • Perdão e compaixão: preces de pedido de perdão ou de intercessão pelos outros podem fortalecer empatia e responsabilidade moral.

5) Transformação de perspectiva

  • Narrativa de sentido: a oração pode ajudar a reinterpretar eventos difíceis, buscando propósito ou lições aprendidas.
  • Confiança na providência: em muitas tradições, a oração reforça a ideia de que não estamos sozinhos diante das vicissitudes da vida.

6) Comunidade e pertencimento

  • Unidade espiritual: orar em grupo fortalece laços comunitários, cria um senso de pertencimento e ressonância compartilhada de valores.
  • Transmissão de tradição: orações coletivas ajudam a manter vivas práticas, memórias e identidades religiosas.

7) Práticas práticas de oração

  • Oração vocal: súplicas, louvores, agradecer e pedir orientação.
  • Oração contemplativa: silêncio, meditação, repetição de uma palavra ou frase sagrada.
  • Estudo associado: leitura de textos sagrados na moldura da oração para aprofundar compreensão.
  • Gestos e rituais: ajoelhar, acender velas, beijar textos sagrados, que podem intensificar a experiência.

Extraído resumo do vídeo no Youtube do Canal do Breslev em Português.

A mãe pássaro – Ki Tetzé

**A mãe pássaro – Ki Tetzé**

A mitsvá de deixar ir a mãe pássaro antes de pegar seus ovos ou filhotes ensina uma profunda lição sobre a grandeza da maternidade.

Rabanit Jana Braja Seigelbaum



A mitsvá de deixar ir a mãe pássaro antes de levar seus ovos ou filhotes nos ensina uma profunda lição sobre a grandeza da maternidade. Ibn Ezra afirma que a mãe é essencial, por isso o caçador deve deixá-la em paz e respeitá-la. “Se por acaso houver um ninho de ave diante de ti no caminho, em qualquer árvore ou sobre a terra, com filhotes ou ovos, e a mãe estiver empoleirada sobre os filhotes ou sobre os ovos, não tomarás a mãe com os filhotes. Deverás deixar ir a mãe, mas poderás levar os filhotes, para que te vá bem e prolongues os teus dias” (Devarim 22:6-7).

RESPEITAR A MÃE DA VIDA

Segundo o Ramban, a recompensa por despedir a mãe pássaro é especialmente grande porque esta mitsvá envolve um tema tão profundo e elevado. O Kli Yakar observa que a recompensa por esta mitsvá é idêntica à recompensa por cumprir o mandamento de honrar os pais. Ambas as mitsvot nos ensinam que nenhum ser vem ao mundo sem uma mãe que o trouxe à luz. Essa cadeia de maternidade conduz-nos de volta a Hashem — a Mãe original, Aquela que deu à luz ao mundo. Se o mundo fosse eterno, sem um Criador, não haveria razão para honrarmos nossos pais. No entanto, cremos que a primeira Mãe compartilhou a Sua honra com todas as mães que d'ElA emanaram. Por isso, devemos honrar nossos pais e também despedir a mãe pássaro. Como ambas as mitsvot reforçam nossa crença na criação do mundo, a recompensa por elas é viver uma vida longa neste mundo. Esse é o fundamento da emuná (fé), como está escrito: “O justo viverá pela sua fé” (Habacuque 2:4). Por meio da emuná, apegamo-nos à fonte da vida — e, portanto, a recompensa por isso é viver uma vida longa.

PARA REPARAR O MUNDO

Imediatamente após a mitsvá de despedir a mãe pássaro, menciona-se a construção de uma nova casa. Nossos Sábios explicam essa proximidade da seguinte maneira: se cumprires a mitsvá de despedir a mãe pássaro, terás o mérito de construir uma casa nova, pois esta mitsvá leva-te a crer que D'us criou e construiu o mundo (ver Rashi, Devarim 22:8).

O Rabino Eliahu Kitov pergunta por que a Torá proíbe tirar a mãe pássaro de cima de seus filhotes no ninho, quando em geral permite tirar a vida de qualquer pássaro para atender às necessidades da humanidade. Além disso, por que a Torá demonstra compaixão apenas pela mãe e não pelos filhotes? Ele próprio explica que os filhotes, assim como os ovos, pertencem à humanidade, pois D'us nos fez soberanos sobre todos os animais. Mas por que os seres humanos podem controlar a mãe que paira sobre seus filhotes? A razão pela qual ela não voa e foge da mão do caçador é o seu instinto de proteger os filhotes. Essa mãe dedica-se à criação de seus filhos, que é a forma mais essencial de Tikkun HaOlam (reparação do mundo). Para proteger seus filhotes, a mãe está disposta a arriscar-se a ser capturada pelo caçador. Não é apropriado aproveitar-se cruelmente desse nobre traço de caráter, que D'us imprimiu em Suas criaturas. Por isso, devemos libertar a mãe pássaro. Ela poderá então partir e construir outro ninho, cumprindo assim a vontade do seu Criador ao continuar envolvida na reparação do mundo.

Ainda que a humanidade seja soberana sobre toda a criação, não podemos subjugar o espírito de D'us que Ele concedeu a todas as Suas criaturas. O instinto maternal de proteger os filhotes é considerado a manifestação do espírito de D'us que mantém o mundo em movimento.

NOSSA ALMA É UMA MÃE PÁSSARO LIBERTA

O Ramban apresenta uma razão cabalística para a mitsvá de despedir a mãe pássaro. Ele cita o Rabino Rejmai do Sefer HaBahir, que observa que a Torá dá mais ênfase à mãe do que ao pai. Isso ocorre porque a mãe se refere ao atributo de Biná, muitas vezes chamado de “intuição”, como afirma: “Pois a mãe se chama Biná” (Provérbios 2:3).

Assim como a mãe tem o poder de dar à luz, o atributo de Biná dá à luz às sete sefirot inferiores (emanações divinas), encarnadas nos sete dias da Criação. Esses dias nos ensinam a ter fé em D'us e em Sua providência divina. Assim como devemos libertar a mãe pássaro — que também alude à alma — e deixá-la reunir-se com seu Criador, ela nos lega a sua descendência. Os ensinamentos de fé e as boas ações que adquirimos neste mundo são os filhos da alma.