As Tendas de Jacó – Balak
As mulheres judias no deserto podiam tomar banhos rituais, ter filhos e amamentá-los sem infringir a santidade e o recato que tanto caracterizam o nosso povo.
Rabanit Jana Braja Seigelbaum
Impulsionado pelo medo e pelo ciúme, o rei moabita Balak contratou o mago midianita Bilam para amaldiçoar o povo judeu. Apesar de ter recorrido às mais modernas formas de magia nos momentos mais propícios, Bilam foi incapaz de amaldiçoar Israel. Nenhum mal pode atingir um povo que vive na santidade e na pureza.
“Bilam levantou os olhos e viu Israel habitando em suas tendas, segundo suas tribos; e o espírito de Hashem estava sobre ele” (Bamidbar 24:2). Quando Bilam percebeu que as entradas das tendas de cada família estavam voltadas de forma que ninguém podia espiar a tenda do vizinho, decidiu não amaldiçoá-los (Rashi, Bamidbar 24:5).
O recato deles era tão distinto dos costumes dos gentios que Bilam ficou fascinado, a ponto de não conseguir se conter e exclamou: “Quão belas são as tuas tendas, ó Jacó, e as tuas moradas, ó Israel!” (Bamidbar 24:5).
A mulher simboliza a tenda, que serviu de lar ao povo judeu durante sua peregrinação no deserto. Da mesma forma, o nome Jacó se refere às mulheres judias (ver Rashi, Shemot 19:3).
Imagine o quão difícil deve ter sido manter o recato durante uma longa jornada pelo deserto. A privacidade era escassa nas condições apertadas das tendas. Era necessária muita sabedoria para que as mulheres judias conseguissem preservar o pudor e a santidade de suas famílias mesmo nas difíceis condições do acampamento.
Graças à sua criatividade, elas conseguiam tomar banhos rituais, dar à luz, amamentar os bebês e cuidar da higiene sem infringir a santidade do recato que tanto caracteriza o povo judeu.
Esse recato, como uma cerca de rosas brancas e puras que cercava o acampamento, protegia Israel da invasão de qualquer mal externo, inclusive das magias mais astutas.
No entanto, Bilam, com sua astúcia, compreendeu o segredo da sobrevivência judaica. E percebeu que apenas abrindo uma brecha no cerco de pureza que envolvia o acampamento de Israel, poderia haver sua queda. Por isso, planejou um complô para seduzir os homens judeus com a beleza de mulheres gentias.
“Israel habitava em Shitim, e o povo começou a se prostituir com as filhas de Moav” (Bamidbar 25:1). Rashi nos informa que isso aconteceu por conselho de Bilam. Mizrachi explica que, se não fosse pelo ardil de Bilam, os judeus não teriam cedido tão repentinamente a relações ilícitas, após resistirem a essa tentação durante todo o exílio egípcio.
O rabino S. R. Hirsch observa que o povo judeu jamais se prostituiu de forma espontânea, pois está escrito: “Jardim fechado és tu, minha irmã, minha noiva” (Cântico dos Cânticos 4:12) — isso se refere aos homens. “Fonte fechada, manancial selado” (ibid.) — isso se refere às jovens mulheres.
Além disso, o Midrash Tanjuma afirma que, durante os 210 anos de exílio no Egito, assim como nos 40 anos de peregrinação no deserto, nenhuma mulher judia teve relações íntimas com um gentio.
“…e o povo começou a se prostituir…”. A palavra hebraica usada aqui para “começou” é “Vayachel”, que está relacionada à palavra “chol” (profano). Ao se envolverem com relações sexuais proibidas, os homens judeus profanaram sua santidade distinta.
No início, não tinham a intenção de praticar idolatria, apenas de se relacionar com mulheres gentias. Contudo, por meio dessas relações ilícitas, acabaram sendo induzidos à idolatria também. Isso é exatamente o que a Torá advertia.
A castidade, portanto, protege o povo judeu de toda influência negativa. Enquanto os homens de Israel estivessem sob o escudo fiel de suas mulheres — as guardiãs das boas tendas de Jacó — nenhum mal poderia alcançá-los.
Porém, ao abandonarem suas tendas para se deixarem seduzir por mulheres estranhas, tornaram-se vulneráveis a todo tipo de pecado imaginável, inclusive à idolatria. Quando o escudo protetor da tenda se rompeu, os israelitas tornaram-se vítimas da maldição do antissemitismo, e 24 mil pessoas perderam suas vidas.
Eis aqui, mais uma vez, um exemplo de como a sobrevivência de Israel depende do mérito das mulheres judias.
Fonte: breslev.com
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