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domingo, 16 de novembro de 2025

Apenas um depósito

A pessoa que tem emuná sabe que Hashem é Quem lhe dá tudo o que possui.

Rabi Shalom Arush

A pessoa que tem emuná sabe que Hashem é Quem lhe dá tudo o que possui. Essa pessoa entende que o dinheiro que Hashem lhe concede, na verdade, não lhe pertence, mas é apenas um depósito que Hashem fez com ela para verificar se fará o uso adequado desse dinheiro. E, quando Ele vê que essa pessoa é uma depositária fiel e o utiliza corretamente, então Ele a escolhe como canal por meio do qual derramar toda a Sua abundância e toda a Sua compaixão sobre Suas criaturas. Assim, Hashem coloca dinheiro em suas mãos para que o distribua da maneira apropriada: uma parte para sustentar sua própria família e outra parte para causas de caridade.

No entanto, quando alguém tem uma emuná fraca e se considera o único dono de seus bens, agindo com avareza e recusando-se a ajudar os outros, então Hashem vê que não se pode confiar nessa pessoa e, às vezes, chega até a retirar todo esse dinheiro dela e depositá-lo nas mãos de outra.

Conta-se sobre o Rebe de Apta que certa vez foi visitado por um homem pobre que precisava casar sua filha e, para isso, necessitava de uma quantia considerável. O Rebe disse-lhe que fosse procurar certo milionário e, para isso, redigiu uma carta solicitando ao milionário que fizesse uma doação ao pobre no valor exato necessário para o casamento da filha.

O pobre dirigiu-se à mansão do milionário, explicou o motivo de sua visita e entregou-lhe a carta. O milionário leu a carta, ofendeu-se profundamente e, com o rosto furioso, devolveu-a ao pobre, resmungando: “Quem ele pensa que é, seu rabino, para me dar ordens? Acaso meu dinheiro pertence a ele? Onde está escrito que devo obedecê-lo? Se tivesse me pedido uma quantia razoável e se expressado de forma mais respeitosa, fazendo um pedido em vez de me dar ordens, eu não teria nenhum problema. Mas ele está me ordenando, claramente, que eu lhe dê uma soma astronômica, como se fosse dono dos meus bens… Vá e diga-lhe que não tenho obrigação alguma de obedecê-lo…”.

Totalmente humilhado, o pobre saiu da mansão do milionário. Foi então diretamente à casa do Rebe de Apta e contou-lhe tudo o que acontecera. O Rebe suspirou e disse ao pobre que fosse à casa de um de seus discípulos e transmitisse a ordem do Rebe para que lhe desse determinada quantia em dinheiro (muito menor do que aquela que havia pedido ao milionário).

O pobre foi ver o discípulo e percebeu que este vivia numa casa muito humilde. Era óbvio que não teria como lhe dar nem mesmo aquela quantia modesta indicada pelo Rebe, mas, evidentemente, não quis contrariar a ordem do Rebe e, por isso, entrou na casa e transmitiu a mensagem.

O discípulo, assim que ouviu as palavras de seu Rebe, imediatamente levantou-se e exclamou com alegria: “É claro! É claro! O Rebe me deu uma ordem! Vou ver imediatamente o que posso fazer. Sente-se e descanse um pouco, enquanto vou correndo arrecadar essa quantia inteira!”.

Imediatamente, o discípulo foi contar à esposa que o Rebe havia ordenado que dessem ao pobre tal quantia para ajudá-lo a casar sua filha. Os dois conversaram por alguns minutos e combinaram que ela procuraria em casa algo que pudessem vender. Enquanto isso, o marido iria percorrer a cidade, casa por casa, pedindo às pessoas que o ajudassem a arrecadar a quantia indicada, para assim cumprir esse preceito tão elevado de ajudar um casal com as despesas do casamento.

Passadas duas horas, o discípulo retornou com uma quantia considerável, à qual somou o dinheiro que sua esposa conseguiu vendendo os candelabros de prata que recebera de presente de casamento – surpreendentemente, o montante total era exatamente o valor indicado pelo Rebe.

Tanto o discípulo quanto sua esposa alegraram-se imensamente pela grande oportunidade que tiveram de ajudar outra pessoa e por terem cumprido os desejos do tzadik. Obviamente, o pobre também se alegrou e emocionou-se muito com a generosidade e o bom coração daquele casal, e ainda naquele mesmo dia saiu para arrecadar mais dinheiro, até que logo conseguiu a quantia necessária e pôde casar sua filha com dignidade.

A partir daquele episódio, o discípulo do Rebe de Apta, que com tanta abnegação ajudara o pobre, viu que a fortuna começou a lhe sorrir, e assim teve muito sucesso na vida, aumentando cada vez mais sua riqueza, até se tornar um grande milionário. Por outro lado, o milionário que se recusara a obedecer à ordem do Rebe começou a sofrer revés após revés nos negócios, até perder toda a fortuna e, em pouco tempo, não ter sequer dinheiro suficiente para levar pão à mesa…

Então, sua esposa lhe disse: “Tudo isso é um castigo por você não ter obedecido ao Rebe de Apta e por tê-lo desrespeitado. Vá vê-lo e peça perdão. Talvez consiga apaziguá-lo e recuperar sua fortuna e seu prestígio.”

O ex-milionário ouviu a esposa e foi procurar o Rebe de Apta. Ao chegar, entrou no quarto com a cabeça baixa, cheio de vergonha. O Rebe recebeu-o com grande afeto e perguntou-lhe o motivo da visita.

O ex-milionário pediu-lhe que, por favor, o perdoasse por tê-lo desrespeitado.

O Rebe perguntou de que forma o havia desrespeitado.

O ex-milionário explicou que havia zombado da ordem do Rebe, negando-se a entregar ao pobre a quantia que o Rebe havia determinado, e que por isso fora castigado, perdendo toda a sua fortuna.

O Rebe explicou-lhe que, na verdade, não se tratava de um castigo, mas sim de uma traição ao seu dever.

O ex-milionário, perplexo, não entendeu o que o Rebe queria dizer, então o Rebe esclareceu:

“Antes de minha alma descer ao mundo, no Céu foi decidido que eu seria milionário e viveria cercado de luxos e riquezas. No entanto, eu não concordei, argumentando que a fortuna me roubaria tempo precioso e que eu não conseguiria estudar Torá; portanto, não queria ser milionário. Então me disseram que não havia outra alternativa e que minha alma deveria descer com uma grande soma de dinheiro. Mas eu insisti, afirmando que de modo algum aceitaria ser milionário, pois o único que me interessa é estudar Torá e, além disso, minhas necessidades materiais são poucas — então, para que suportar o fardo de administrar uma fortuna?

Na Corte Divina, debateram o que fazer comigo e, por fim, propuseram que eu escolhesse uma alma para depositar minha fortuna em suas mãos — e eu escolhi você. Ou seja, toda a riqueza que você possuía… na verdade, pertencia a mim. Mas, quando precisei de uma certa quantia para dar ao pobre e enviei-o a você para que a entregasse, você recusou-se a fazê-lo… Ao ver que você não era um depositário fiel do meu dinheiro, escolhi um dos meus discípulos, que com muita alegria e grande abnegação me obedeceu, fez exatamente o que lhe ordenei e cumpriu o preceito de dar caridade, e então transfiri minha fortuna para ele.”

O ex-milionário sentiu-se muito mal com a maneira como havia agido e, profundamente arrependido, disse ao Rebe: “Rebe! Toda a minha vida estive acostumado a viver em meio a luxos, e a pobreza me deixa desesperado! Será que o senhor não tem um pouco de sustento para me dar e me salvar dessa terrível pobreza?”

O Rebe sorriu, chamou seu fiel discípulo — que agora era milionário — e ordenou-lhe que fornecesse ao ex-milionário uma mesada suficiente para sua manutenção, permitindo-lhe viver com dignidade. Assim, o ex-milionário voltou para casa alegre e com a lição aprendida…

Que a luz de Chanucá ilumine sua casa e seu coração com alegria, proteção e abundância.

quarta-feira, 12 de novembro de 2025

A caverna dupla – Jaiei Sara

Segundo a tradição, Sara não foi a primeira pessoa a ser enterrada na caverna de Maquela em Hebron. Adão e Eva já estavam enterrados ali...

Rabino Abraham Isaac Kook z"tzl

Segundo a tradição, Sara não foi a primeira pessoa a ser enterrada na caverna de Maqupelá em Hebron. Ali já estavam enterrados Adão e Eva. Posteriormente, a eles juntaram-se outras três casais: Abraão e Sara, Isaque e Rebeca, Jacó e Lia.

Por que essa caverna funerária era chamada Maqupelá? Maqupelá significa “duplicado”. Os Sábios, em Eruvin 53a, explicaram que se trata de uma caverna dupla, que contém duas câmaras ou dois níveis. O Talmud relata que um erudito arriscou-se a entrar na caverna e ali encontrou os Avot (os Patriarcas e as Matriarcas) em uma câmara, e Adão e Eva na segunda.

O que significa que a caverna de Maqupelá tenha duas câmaras? De modo geral, qual é a função do sepultamento?

Dois caminhos

Há dois caminhos para o crescimento espiritual e a iluminação, cada um com suas próprias vantagens. O primeiro caminho utiliza nossas faculdades naturais de raciocínio e análise. Quando funcionam corretamente, nossas faculdades intelectuais podem alcançar resultados maravilhosos. Elas nos permitem adquirir preciosas qualidades de caráter e servir a Deus por meio de uma consciência interior.

No entanto, a mente está ligada ao corpo e por ele influenciada. Quando o corpo se entrega aos desejos de prazeres físicos, a mente também perde sua orientação. Esses desejos físicos podem distorcer nossas percepções e deformar nosso raciocínio, deixando-nos sem orientação para uma vida iluminada.

Por isso, Deus criou um segundo meio para o progresso espiritual: a Torá. A Torá é independente do corpo físico, não sendo afetada por suas inclinações e desejos. É um guia imutável rumo ao caminho da integridade e da santidade. Certamente, os poderes da mente humana jamais conseguirão proporcionar o mesmo nível de santidade alcançado por meio das instruções dadas por Deus na Torá e em suas mitsvot.

Contudo, o caminho do intelecto humano ainda possui uma vantagem especial. A observância das mitsvot, embora muito elevada, não exerce influência direta sobre o próprio corpo. O corpo continua sendo atraído pelos desejos físicos e permanece em desacordo com os objetivos espirituais da Torá.

O ideal é combinar os dois métodos. Se nosso cumprimento das mitsvot puder despertar nossos corações e inspirar nossas mentes, estabelece-se uma harmonia entre nossas ações físicas e nossa consciência interior. Como nossas faculdades mentais fazem parte de nossa natureza essencial, quando a mente se conecta com a Torá, a parte física também se integra aos preceitos da Torá. Esse refinamento do corpo não poderia ter ocorrido sem a combinação da Torá com nossas faculdades naturais de intelecto e razão.

A morte e o sepultamento

Após o pecado de Adão, a morte foi decretada sobre a humanidade. Isso não foi um castigo arbitrário. O propósito da morte é separar o corpo e a alma, permitindo que ambos sejam reparados e refinados. A alma, já livre do peso dos desejos físicos do corpo, é reparada e refinada no Mundo das Almas.

O corpo também exige uma correção espiritual. Ele também foi formado à imagem de Deus e possui um imenso poder espiritual quando complementado pela santidade da alma. Enquanto a alma é corrigida no Mundo das Almas, o corpo é reparado por meio do sepultamento, ao retornar aos seus elementos originais.

O refinamento do corpo

O que isso tem a ver com a caverna de Maqupelá? O sepultamento na caverna dupla é uma metáfora dos dois métodos pelos quais o corpo é refinado e elevado.

O primeiro método, que utiliza a inteligência e a razão humanas, é exemplificado por Adão e Eva. O primeiro homem e a primeira mulher foram criados com o mais alto nível de talentos e poderes primordiais. Com suas robustas faculdades mentais, eles representaram o uso do intelecto e do raciocínio naturais para o avanço espiritual.

Os Patriarcas e as Matriarcas, por sua vez, deram origem ao povo judeu, preparando o caminho para a revelação da Torá no Sinai. Eles representam a segunda orientação espiritual: a da Torá.

A caverna funerária dupla de Maqupelá combinava esses dois caminhos. Uma câmara continha Adão e Eva, o ápice da capacidade intelectual natural. A segunda câmara abrigava os Avot, os progenitores da Torá. O nome da cidade, Hebron, deriva da palavra jibur (“conexão”), aludindo à união desses dois modos de elevação do corpo.

Fonte: Breslev.com

sexta-feira, 31 de outubro de 2025

O difícil caminho para a santidade – Lech Lechá

A vida de nosso patriarca Avraham é a saga de uma luta contínua, com provas intermináveis de fé.
Rabino Lazer Brody

“Houve fome na terra, e Abram desceu ao Egito” (Bereshit 12:10).

A vida de nosso patriarca Avraham é a saga de uma luta contínua, com provas intermináveis de fé.
Hashem lhe ordena que abandone sua terra natal e empreenda a difícil jornada rumo à Terra Prometida — ainda desconhecida — isto é, a terra de Canaã. Pouco depois de chegar a Canaã — a futura Terra de Israel — Avraham se encontra em meio a uma grave fome. Não tem outra escolha senão arrumar as malas e ir em busca de alimento e água em outro lugar.

A fome é apenas a quarta entre as dez tremendas provas de fé de Avraham (segundo Rashi).

Alguém poderia perguntar: “Por que Hashem precisava provar a fé de Avraham dez vezes? Por que provas tão difíceis — desde perseguições e o risco de morte em um forno de fogo até a Akedá, quando lhe foi pedido que sacrificasse seu único filho? Acaso Hashem não sabia que a fé de Avraham era firme?”

Hashem sabe exatamente como Avraham reagiria — com uma fé perfeita, simples, pura e sem mancha.
As provas não são para o benefício de Hashem, mas sim para o benefício do próprio Avraham.

O Rabi Nachman de Breslev explica (Likutei Moharan I:66.4) que os obstáculos que uma pessoa encontra na vida servem para aumentar o seu anseio.

Por essa razão, antes que uma pessoa alcance um progresso significativo no serviço a Hashem — especialmente na aquisição de algo vital para seu judaísmo, como o aumento da santidade — ela é provada por uma série de obstáculos.
É preciso superar tais obstáculos se quiser alcançar sua meta.
No entanto, são justamente os obstáculos que alimentam o desejo de atingir o objetivo.
Assim, eles se tornam os instrumentos que extraem da pessoa seus melhores esforços para alcançar o ganho espiritual — pois os obstáculos fortalecem o anseio.

A Guemará ensina que três coisas se obtêm mediante provas e tribulações: a Terra de Israel, a Torá e o Mundo Vindouro.

Os atos dos pais abrem o caminho para os filhos.
Como nosso patriarca Avraham teve de se esforçar tanto para obter a Santa Aliança com Hashem e a promessa da Torá e de Eretz Israel para sua descendência, seu desejo e anseio multiplicaram-se mil vezes mais.
Hashem mostrou a Avraham que tanto a fé quanto Eretz Israel não se conquistam facilmente.
As provas e tribulações apenas intensificaram o desejo de Avraham — assim como os obstáculos alimentaram o desejo de Menachem, o banqueiro, de encontrar um bom par para sua filha, que de outro modo talvez nem tivesse considerado.

Que Hashem nos conceda um anseio ardente pela santidade, que nos ajude a superar todos os obstáculos que se interpõem no caminho da Torá e de Eretz Israel. Amém.

domingo, 26 de outubro de 2025

A compaixão Divina

Hashem quer revelar-nos toda a Sua compaixão. E a quem, em especial? À pessoa que não a merece,
Grupo Breslev Israel

Hashem quer revelar-nos toda a Sua compaixão. E a quem, em especial? À pessoa que não a merece, pois a pessoa que a merece a receberá por direito, e não por compaixão Divina. Por isso, quanto menor for o nível do indivíduo, mais pode suplicar a Hashem: “Eu acredito com emuná completa que Tu queres me ajudar tal como sou, mesmo que eu seja o mais baixo do mais baixo, porque, no meu caso, Tua compaixão se revela mais do que nunca. Se não tiveres compaixão de mim, isso indicaria que Tua compaixão é finita (Deus não o permita), como se fosses Compassivo com todos, mas não comigo. Mas não é assim. Tu és um Pai Compassivo e Tua compaixão é infinita, mesmo no meu caso. E o que é que eu estou Te pedindo? Acaso estou Te pedindo que me ajudes a pecar, que me dês capacidade e recursos para continuar pecando? Não! Não quero pecar. Quero que me ajudes a viver de acordo com Tua vontade. Estou Te pedindo compaixão genuína. Tu, sem dúvida, queres e desejas ter compaixão de mim, mesmo neste momento”.

A essência da compaixão de Hashem expressa-se quando Ele concede à pessoa um estado de consciência que a impeça de pecar, tal como ensina Rabi Nachman (Likutei Moharan I, 7):

“Não há nada mais penoso do que quando o santo povo de Israel cai e peca, Deus não o permita, e o Compassivo tem piedade. Essa é a situação mais dolorosa, pois todas as aflições graves do mundo são consideradas nada em comparação com o fardo pesado dos pecados, Deus não o permita. Quando o povo de Israel cai e peca, Deus não o permita, trata-se de um fardo muito pesado, um fardo insuportavelmente pesado, como diz o versículo: ‘Como uma carga pesada, eles são demasiado pesados para mim’ (Salmos 38:5). A pessoa que conhece a santidade do povo de Israel, que sabe de onde eles provêm e que entende a espiritualidade e a nobreza do povo de Israel, sabe que eles estão absolutamente distantes do pecado e que o pecado não tem absolutamente nenhuma ligação com eles, de forma alguma, considerando a grande santidade de sua raiz, sua grande nobreza e espiritualidade. Assim, todo o sofrimento do mundo não é considerado um fardo se comparado com o peso esmagador dos pecados, Deus não o permita, que o Compassivo tenha piedade…”

A essência da compaixão — ter compaixão de Israel, a santa nação — é livrá-los do fardo pesado dos pecados. E sempre que o povo de Israel caía em pecado, Moisés, a paz esteja sobre ele, dedicava-lhes sua alma e orava por eles, como no caso dos espias e outros episódios semelhantes. Isso ocorria porque ele sabia que, de acordo com a santidade e a nobreza do povo de Israel, eles estão distantes do pecado e é absolutamente impossível que carreguem o fardo pesado do pecado. E, na verdade, como é que chegam a pecar, Deus não o permita? Isso acontece somente quando a pessoa carece de consciência espiritual, pois “ninguém peca a menos que um espírito de loucura o domine” (Sotá 3). E essa é a situação mais penosa de todas; devemos ter compaixão dessa pessoa e dar-lhe consciência espiritual, como diz o versículo: “Feliz aquele que dá entendimento ao pobre” (Salmos 41:2), pois “não há pobre exceto aquele que é pobre em entendimento” (Nedarim 41). Devemos ter compaixão dele e dar-lhe consciência.

Esse é o propósito da Criação. Hashem criou o mundo para que fosse habitado, conforme diz o versículo: “Não o criou em vão; para ser habitado o formou” (Isaías 45:18). A pessoa que não possui consciência espiritual não é considerada um ser humano. Portanto, um mundo habitado por pessoas que carecem de consciência espiritual é uma ruína desolada, tal como ensina Rabi Nachman: “O mundo deveria ser habitado por seres humanos. A essência do ser humano é sua consciência espiritual. Se a pessoa não possui consciência espiritual, não faz parte da civilização e não é considerada um ‘ser humano’ de forma alguma, mas sim está no nível de um animal com forma humana”.

Por isso, o propósito mais profundo da compaixão Divina é despertar em nós a consciência que nos restitui à nossa verdadeira humanidade, para que possamos viver como filhos de Hashem, com entendimento, pureza e proximidade a Ele.


Fonte: Breslev.com

quinta-feira, 16 de outubro de 2025

Bereshit: O Poder da Renovação

Ali vamos nós! Um novo ano, uma nova ideia.

Depois de vários anos traduzindo os artigos de outras pessoas sobre os ensinamentos do Rebe Nachman, este ano quero tentar algo novo: compartilhar, a cada semana, um ensinamento sobre a porção semanal da Torá ou sobre um momento especial do ano, baseado nos ensinamentos do Rebe Nachman.

Um novo ano, uma nova ideia — exatamente sobre isso eu gostaria de refletir um pouco: a ideia da renovação. Encontrar a força e a coragem para tentar algo novo ou retomar aquilo que talvez tenhamos abandonado há muito tempo.

Começar de novo.

Depois de concluirmos, há poucos dias, a leitura anual da Torá em Simchat Torá, recomeçamos neste próximo Shabat com a Parashat Bereshit.

Bereshit relata a criação do mundo e a história de Adão e Chava no Jardim do Éden, mas quero me concentrar na primeira palavra: Bereshit, que significa “no princípio”. Começar de novo.

O Rebe Nachman ensina, na última lição que proferiu em sua vida — em Rosh Hashaná do ano de 1810, poucas semanas antes de falecer durante a festividade de Sucot (Likutei Moharan II, 8) — que, ao se conectar com um grande tzadik e seguir seus conselhos e ensinamentos, uma pessoa pode alcançar uma fé plena, que consiste em acreditar na renovação constante do mundo.

Deus criou o mundo do nada absoluto e continua renovando-o a cada dia.

O poder e a inspiração para encontrar essa renovação estão nos escritos do tzadik, que possui o aspecto da profecia, um espírito divino. Todos nós podemos nos conectar com esses ensinamentos em nosso próprio nível e sentir uma nova vitalidade e renascimento por meio deles.

Este ano e este dia são uma criação completamente nova, embora aos nossos olhos pareçam iguais a ontem ou ao mês passado...

No entanto, tudo é realmente novo. Isso significa que, assim como a realidade da renovação existe constantemente no mundo, nós também podemos nos conectar com esse poder de renovação em nossas vidas, todos os dias.

Muitas vezes começamos o ano com ideias, metas e inspiração renovada, mas, com o tempo, devido a obstáculos ou à rotina diária, deixamos que esses objetivos e novas ideias se desvaneçam. Também ficamos presos aos remorsos do passado em vez de recomeçar.

É justamente por isso que a renovação (hitchadshut) é tão essencial. Não importa se eu quis estudar algo todos os dias e ontem ou na semana passada não o fiz; agora estou começando de novo, agora posso dar um novo passo à frente. Basta dizer a si mesmo: “Agora estou fazendo um novo começo!”

O próprio Rebe Nachman testemunhou que ele mesmo fazia isso muitas vezes ao dia, e nós também podemos acessar esse poder surpreendente de simplesmente recomeçar.

Esse também é um dos aspectos mais poderosos da oração ou meditação pessoal diária.

A cada dia descobrimos que nossas vidas e o que enfrentamos são diferentes, e, a cada dia, as palavras e orações de que precisamos também são novas. Podemos nos expressar novamente diante de Deus todos os dias.

Esse é um princípio fundamental que o Rebe Nachman nos ensina: não desespere, continue tentando e continue recomeçando.

Fonte: Breslev.com

quarta-feira, 15 de outubro de 2025

Onde estás? – Bereshi

Com olhos de emuná (fé), percebemos que tudo o que vemos, ouvimos e encontramos é uma mensagem de Hashem que nos pede que nos avaliemos: “Onde estás?”

Rabino Shalom Arush

Mas ao perguntar a Adão onde ele está, Hashem está lhe dando a oportunidade de parar, avaliar a si mesmo e esclarecer o ponto da verdade em sua mente. Hashem já conhece a resposta…

“E Hashem Deus chamou o homem e lhe disse: ‘Onde estás?’” (Gênesis 3:9).

Nossos sábios nos ensinam que os Cinco Livros de Moisés estão encapsulados no Livro de Gênesis, ou Bereshit. Nele são apresentados, de forma condensada, temas que mais tarde são desenvolvidos ao longo da Torá. Por exemplo, a pergunta em hebraico composta por uma única palavra que Deus fez a Adão – ayeka, “onde estás?” – é a base da conexão do ser humano com Hashem.

Hashem, como nos diz o Midrash, certamente sabia onde Adão estava.

Mas ao fazer a pergunta, Hashem estava dando a Adão a chance de parar, refletir e esclarecer a verdade em sua própria mente. Hashem já conhece todas as respostas, mas deseja que nós mesmos descubramos a verdade, para que possamos compreender o que está acontecendo em nossas vidas. Hashem está perguntando a Adão: “Teu pecado foi um acidente, ou tens a intenção de continuar pecando?”

A resposta de Adão parece, à primeira vista, estranha (Gênesis 3:12): “A mulher que me deste, ela me deu da árvore, e eu comi.” Que tipo de resposta insolente é essa? Será que Adão foi audacioso o bastante para dizer a Hashem que pecou e ainda continuará pecando?

Ramatayim Tzofim, em sua explicação do Midrash, ensina que Adão – a própria criação das mãos de Hashem – se desculpou diante Dele e admitiu que continuava propenso ao pecado, pois ainda não havia se refinado espiritualmente. Ele escreve: “Esta é uma lição importante para a pessoa, que deve ter consciência de si mesma e não ser tão ignorante a ponto de se enganar.”

Esse é um pensamento profundo, especialmente porque muitas pessoas não conseguem se enxergar sob a luz da verdade.

Vemos, então, que embora a resposta de Adão a Hashem pareça ousada, na realidade é digna de elogio, pois ele disse a verdade e reconheceu sua fraqueza. Adão se avaliou corretamente e, portanto, não se enganou. Tal autoavaliação sincera é agradável a Hashem.

Após cada tropeço, pecado, explosão de ira, demonstração de egoísmo, ato de mesquinharia ou qualquer comportamento similar, Hashem nos faz a pergunta mais penetrante: “Onde estás?” Em outras palavras: “Que conclusão tiras sobre tua situação atual? Compreendes que és vulnerável à tua má inclinação e que ela tem te dominado?”

Hashem não faz essa pergunta apenas depois de cairmos; nossa alma Divina – uma pequena centelha da bondade de Deus, nossa força vital – também nos questiona sempre que precisamos escolher entre caminhos. Mesmo quando vemos ou ouvimos sobre alguém que fez algo terrível, nossa alma grita de dentro de nós: “Acreditas que és melhor do que ele? Saiba que poderias ter cometido o mesmo erro. Pensas que és tão justo que estás acima do pecado?”

Com olhos de emuná, percebemos que tudo o que vemos, ouvimos e vivenciamos é uma mensagem de Hashem nos pedindo reflexão: “Onde estás?” Quando a pessoa reconhece o quão perigosa é a má inclinação e o quão facilmente o ser humano é levado ao pecado, ela pode tomar as precauções necessárias. O soldado que subestima o inimigo acabará sendo surpreendido despreparado.

Adão, como vimos, não se enganou. Ele sabia que era suscetível a pecar novamente. Por isso, Adão se tornou o primeiro baal teshuvá – penitente – do mundo, pois foi honesto com Hashem e consigo mesmo.

segunda-feira, 29 de setembro de 2025

O nó de 24 quilates – Parashat Haazinu

Aquele que realiza uma boa ação está criando um anjo protetor, e aquele que transgride cria um anjo acusador.

Rabino Lazer Brody

“… todos os Seus caminhos são justiça…” (Deuteronômio 32:4)

O Rabino Nisim Yaguen, de bendita e santa memória, contou a seguinte história, de importância fundamental nestes dias sagrados:

Faltavam oito minutos para o horário de fechamento. Todas as mulheres que tinham ido à mikve naquela noite já haviam realizado a imersão, e a encarregada — uma mulher muito enérgica, com pouco mais de trinta anos — já tinha arrumado e limpo o local. Como não havia mais ninguém para atender, decidiu fechar a mikve, especialmente porque naquela noite precisava ir ao casamento de um parente no outro extremo da cidade. Enquanto trancava a porta de entrada com a chave, uma jovem chegou correndo, muito ofegante, e exclamou: “Ah, não! Não me diga que já vai fechar! Saí correndo de casa para vir à mikve porque não tinha ninguém para cuidar do bebê! Por favor, me deixe entrar — ainda faltam cinco minutos para o horário de fechamento!”.

“Sinto muito”, respondeu friamente a encarregada. “Hoje já encerramos. Já terminei de limpar e preciso ir a um casamento. Se eu não sair agora, não chegarei a tempo.”

“A senhora não entende”, retrucou a mulher, com tom de súplica. “Eu observo o Shabat e a pureza familiar, mas meu marido não. Ele é um caminhoneiro muito corpulento, e se tem algo que ele odeia no mundo é ter que esperar duas semanas por mês para conseguir o que quer. Ele não se importa nem um pouco se eu vou ou não à mikve. Se a senhora não me deixar entrar, ele vai me forçar, porque me avisou que não esperaria nem mais um único dia. Eu lhe peço, por compaixão! Se eu não me imergir hoje, terei a mesma punição que comer no Yom Kipur — ou até pior…”.

“Sinto muito, não posso ajudá-la. A senhora deveria ter se preocupado em vir mais cedo.”

“Mas eu cheguei a tempo!”

“Sim, mas quando a senhora terminar, já vai ser meia hora depois do horário de fechamento, e eu tenho outros compromissos esta noite”, disse a encarregada da mikve, apontando para sua roupa de festa e seu colar de ouro, aludindo ao casamento.

“Mas será que a mikve não é a sua obrigação principal? Como a senhora não entende? Sou uma baalat teshuvá (mulher judia que retornou às suas raízes e começou a cumprir os preceitos), e meu marido não. Se eu não me imergir agora, amanhã será tarde demais…”.

Todas as súplicas caíram em ouvidos moucos. A encarregada da mikve trancou o local e entrou em um táxi.

A pobre mulher ficou ali parada, sem acreditar no que acontecera, olhando o táxi se afastar, e então desatou a chorar. Sabia perfeitamente o que a esperava em casa.

Nove meses depois, ela deu à luz um menino. Por mais que tentasse, não conseguiu disciplinar aquela criança tão desobediente, que mais tarde se tornou um homem atrevido e mal-humorado, constantemente envolvido em problemas com todo mundo.

Dezenove anos se passaram desde aquela fatídica noite.

A cidade de Bnei Brak ficou em choque. Uma gangue de jovens delinquentes inventou um esquema de emboscar mulheres que iam a salões de festas. Os ladrões corriam atrás da vítima, arrancavam-lhe os colares de ouro do pescoço. O ouro macio e fino geralmente se rompia com facilidade, e então o ladrão fugia correndo. Mas, dessa vez, o ladrão arrancou do pescoço de uma mulher de cerca de cinquenta anos um colar grosso e trançado de 24 quilates, que não se quebrou tão facilmente. O ladrão puxou o colar repetidamente, mas a corrente não se rompeu. A mulher tentou gritar, mas não conseguia — estava se asfixiando. Por fim, caiu no chão. O ladrão foi preso, mas a mulher perdeu a vida.

A vítima era a encarregada da mikve, dezenove anos depois. O ladrão era o jovem concebido naquela noite em que sua mãe não foi autorizada a entrar na mikve.

Sim, o final não é feliz. É aterrorizante, pois demonstra a profundidade da justiça Divina. O Rabino Eliezer ben Yaakov ensina na Ética dos Pais que aquele que realiza uma boa ação está criando um anjo protetor, e aquele que transgride cria um anjo acusador.

Nossos Sábios ensinam que há certas transgressões que não podem ser corrigidas — aquilo que o rei Salomão chama de “os tortos que não se podem endireitar”, como, por exemplo, a criança nascida de uma relação extraconjugal, que não pode fazer nada quanto ao seu status de mamzer.

Meu querido mestre e guia espiritual, o Rabino Shalom Arush, escreve em seu mais recente livro, “No Jardim da Pureza”, cuja edição em espanhol em breve será lançada, sobre as profundas consequências que as circunstâncias da concepção têm sobre a criança que está por nascer e sobre seu futuro. Este livro deveria ser leitura obrigatória para todo homem.

Em resumo, a partir da história citada, podemos aprender quatro lições fundamentais:

1. O bem ou o mal que fazemos aos outros, cedo ou tarde, volta para nós.
2. As circunstâncias da concepção do bebê — e especialmente a pureza familiar — exercem uma profunda influência sobre a criança e seu futuro.
3. Aqueles que ocupam cargos de responsabilidade pública ou religiosa devem saber que sua função e prioridade principal é servir ao público, e que há coisas que não podem ser negociadas.
4. Assim como nos ensina a porção da Torá desta semana, a justiça de Hashem é absoluta e precisa.


Breslev.com

segunda-feira, 22 de setembro de 2025

Mensagem de Hosh Hashaná - 5786

Aproxima-se o momento em que um ano se desvanecerá com o ocaso e um anoitecer nos transportará a um novo ano.

Ouça este artigo:

E, nesses instantes que formam a fronteira entre o passado e o futuro, nos reuniremos em nossas sinagogas, envolvidos por pensamentos em que se mesclam esperança e saudade, arrependimento e gratidão, alegria antecipada e resquícios de sentidas mágoas.

Na percepção da fragilidade do ser humano e no reconhecimento do quanto erramos, buscaremos alcançar o perdão, a ser concedido por nossos próprios corações, por aqueles que nos cercam, pela fraternidade dos seres humanos e, principalmente, pelo Eterno.

Ante o aproximar de um novo ano, nosso pensamento se divide entre dois sentimentos: o de esperanças que projetamos para o futuro e o da tentativa de compreensão do que ocorreu no passado.

Está para ser virada uma página do livro de nossa vida. Será que ela marcou o crescimento de nossas realizações, o amadurecimento de nossa inteligência, a realização de nossa potencialidade, o aprofundamento de nossa fé, a conscientização de nossas responsabilidades para com nosso povo e para com toda a sociedade em que vivemos?

Será que cada instituição de nossa coletividade, voltada para a ajuda aos necessitados, recebeu nosso total apoio, cumpriu sua função, trouxe alívio para os que sofrem, conforto para os solitários, medicação aos enfermos, apoio aos anciãos, carinho às crianças?

Os dez dias que se estenderão de Rosh Hashaná até Iom Kipúr nos proporcionarão a possibilidade de uma introspecção perscrutadora, em que ponderaremos os valores que pautaram nosso comportamento e buscaremos, através da inspiração da fé, conscientizar-nos de que nossos atos são parte integrante do diálogo existencial com Deus em que se constitui nossa vida e, dessa forma, procuramos dar-lhes significados mais profundos e critérios mais nobres.

Imensa será a saudade com que lembraremos aqueles que nos deixaram, e pensaremos em como manter viva sua imagem, aplicando em nosso comportamento os exemplos e atitudes nobres que os caracterizaram.

Admiraremos, com alegria, os primeiros passos na vida dos que nasceram nesse ano, e pensaremos em como poderemos nos constituir em exemplos positivos para a nova geração.

Continuaremos tentando compreender, na complexidade da vida social e política do recém-iniciado século 21, o porquê de tanto ódio, tanta incompreensão, tantas guerras, e reafirmaremos nosso tradicional compromisso e nossa total responsabilidade de cumprir a missão que há quatro milênios foi entregue a Abrahão: "Sê tu uma bênção para todos os povos."

Em nossas preces, lembraremos todos os seres humanos, rogando que, para todos, o ano seja repleto de saúde, paz, realizações e bênção. Rogaremos para:

Que todos os que creem no Eterno possam ter a certeza de seu caminho, tenham força e confiança para enfrentar os obstáculos que se lhes antepuserem, e possam ser abençoados com a felicidade de cumprir suas metas.

Que tenhamos humildade bastante para reconhecer nossos erros e coragem suficiente para repará-los.

Que cada um se sinta comprometido em dedicar uma parte de seus esforços em benefício da comunidade da qual participa.

Que nossas ações contribuam para que:

  • Haja menos ódio, menos incompreensão e menos violência.

  • Haja mais compreensão, amor, paz e fé.

  • Que mais crianças sorriam.

  • Que menos pais tenham motivos para chorar.

  • Que os poderosos do mundo se curvem ante a justiça das causas.

  • Que os justos tenham reconhecida, perante todos, a força do direito.

Que o Brasil seja para todo o mundo o exemplo de um país que constrói em harmonia, se desenvolve em segurança e convive em justiça e fraternidade.

E que o Eterno conceda inspiração, criatividade e disposição para o trabalho a cada um de seus habitantes, para que o esforço conjunto de todos transforme subdesenvolvimento numa palavra do passado; dependência econômica em algo desconhecido; crise de energia numa etapa superada; e estado de exceção, uma exceção nunca mais repetida.

Que uma paz completa e duradoura seja alcançada no Oriente Médio e que Israel possa se desenvolver com segurança, ajudando, com sua tecnologia e seu exemplo de democracia, a melhorar o padrão de vida de todos os seus vizinhos.

Que não haja mais distorções nos noticiários a respeito de Israel e que o mundo todo compreenda que cooperação, paz e desenvolvimento conjunto são as verdadeiras metas deste país, e que sua consecução trará benefícios para toda a humanidade.

Que a ética, a moral e a fé de Israel se irradiem por toda parte, tornando realidade o versículo que diz: Ki mitsion tetsé Torá udvar Hashém mirushaláyim – "Pois de Tsión emanará o ensinamento da Torá, e de Jerusalém, a palavra do Eterno."

Que possam todos os homens do mundo expressar a totalidade de seu sentimento para com o próximo por meio de nossa tradicional saudação:


🌿✨ *SHALOM!* ✨🌿


Mensagem extraída do livro:

Na Espiral do Tempo - Uma viagem pelo calendário judaico de David Gorodovits - Editora Sefer

sexta-feira, 19 de setembro de 2025

Devemos emular a compaixão de Hashem

Tu és o Rei

Ouça este artigo:

Segundo nos ensinam os Rabinos, em Rosh Hashaná temos que coroar Hashem como corresponde, pois não o fazemos durante o resto do ano. Nosso foco é muito limitado e temos tendência a nos esquecer. Por isso, devemos nos esforçar de forma especial para infundir em nossa consciência a realidade de que Hashem é o Rei.

Muitas vezes caímos sob a influência do velho e insensato rei, ou seja, o Instinto do Mal, que usurpa a autoridade do verdadeiro Rei. Pensamos que temos liberdade de fazer o que quisermos, mas na realidade somos prisioneiros de guerra do Instinto do Mal. Somos seus servos cada vez que fazemos algo que vai contra nós mesmos e que danifica a nossa alma.

Temos que nos render à Monarquia de Hashem e nos colocar sob as asas de Sua compaixão infinita. Diz o Rabino Natan que o principal aspecto de coroar Hashem como Rei é o arrependimento — o ato de retornar a Ele com todo o coração. Precisamos ser humildes e anular nossa lógica e nossas opiniões subjetivas, que são tão, mas tão limitadas. Precisamos aceitar Sua soberania com total simplicidade.

Nossa tarefa consiste em iluminar o mundo com a luz de Hashem. Quanto mais crescermos em emuná (fé) e temor reverencial de Hashem, mais Sua compaixão se revelará a nós e ao mundo inteiro.

Nossa correção individual e nacional consiste em deixar de reclamar e agradecer a Hashem. Após a missão fracassada dos espiões, o povo de Israel chorou e reclamou sem nenhum motivo. Até hoje seguimos pagando o preço daquele trágico erro. Devemos corrigir essa falta agradecendo a Hashem profusamente por todas as bênçãos que Ele nos deu e continua nos dando. Não apreciar todas as bênçãos que temos anda de mãos dadas com o hábito de reclamar continuamente.

Em hebraico, a palavra “judeu” é iehudí, que significa “dar graças”. Quando não damos nada por garantido, podemos ser felizes. A gratidão é a principal tarefa do judeu. A ingratidão é a raiz de todos os problemas, enquanto a gratidão evoca o perdão que mitiga os juízos severos.

A gratidão invoca a Compaixão Divina

Em um dos CDs de emuná conta-se a história de um jovem cujo irmão havia adoecido de câncer. Os médicos já tinham desistido, afirmando que não havia esperança de recuperação. O Rabino Shalom Arush recomendou ao jovem que dissesse a seu irmão para começar a agradecer a Hashem pela doença durante cinco minutos por dia.

Esse irmão havia crescido em um kibutz antirreligioso e era totalmente contrário à religião. No entanto, a situação era desesperadora e ele não tinha a quem recorrer, então decidiu aceitar o conselho. Assim, começou a agradecer a Hashem cinco minutos todos os dias. De forma milagrosa, em poucas semanas, o tumor cancerígeno desapareceu por completo!

À redação de Breslev Israel chegam inúmeros exemplos diários de salvações milagrosas que acontecem quando as pessoas começam a agradecer a Hashem pelas situações difíceis em que se encontram. Neste caso, o relato é especialmente marcante porque o protagonista era uma pessoa totalmente “anti” (religiosa), o que ressalta o tremendo poder da gratidão e a infinita compaixão de Hashem.

Devemos emular a compaixão de Hashem

Iom Kipur expia unicamente os pecados cometidos contra o Criador. Uma pessoa não pode se dizer “religiosa” e, ao mesmo tempo, falar mal dos outros. O judaísmo exige que respeitemos e ajudemos cada ser humano.

No Tratado Sanedrin conta-se sobre uma sala de estudos que estava cheia de gente. De repente, Rebi pediu que a pessoa cujo hálito tivesse cheiro de alho saísse da sala, porque o odor era difícil de suportar. Rav Hiyá se levantou e saiu para evitar que a pessoa em questão sofresse vergonha, e então todos os outros também saíram. No dia seguinte, o filho de Rebi perguntou a Rav Hiyá por que ele havia saído da sala de estudos, encerrando toda a sessão. Rav Hiyá respondeu que jamais se deve humilhar um ser humano, muito menos em uma casa de estudo.

Bom caráter — saber como se comportar — é um pré-requisito e uma consequência da Torá. A Torá nos ordena a nos apegar a Hashem. Devemos agir como Hashem: ser compassivos, compreensivos e saber perdoar.

No mérito de emular Hashem e sermos pessoas sensíveis, amáveis, pacientes, compreensivas, generosas e que sabem perdoar, que Seu Reino se manifeste em todo o mundo e que todos vocês sejam abençoados com um maravilhoso novo ano!

A redação Breslev Israel


** Traduzido com AI.

quarta-feira, 17 de setembro de 2025

Religioso? Pra quê? – Nitzavim

Para que eu preciso ser religioso? Por que não basta ser uma boa pessoa? Não sei se você já ouviu essa pergunta...

Rabino David Charlop

Para que eu preciso ser religioso? Por que não basta ser uma boa pessoa? Não sei se você já ouvido essa pergunta, mas gostaria de compartilhar com você alguns pensamentos sobre o tema. Comecemos com alguns versículos da leitura da Torá desta semana que nos servirão de antecedente.

"Eis que pus diante de ti a vida e o bem, e a morte e o mal… para que ames a Hashem teu Deus, para que sigas os Seus caminhos… e escolhas a vida para que tu e a tua descendência vivam."

Esse versículo é ao mesmo tempo inspirador e um tanto desconcertante. A Torá nos implora que "escolhamos a vida". Será que precisamos que a Torá nos incentive a escolher o óbvio? Só pessoas que não estão bem da cabeça escolheriam o contrário. Além disso, as opções dos versículos parecem extremas: a vida e a morte, o bem e o mal. Existem realmente apenas dois caminhos? De fato, a vida está tão cheia de tons de cinza que fica um pouco difícil nos relacionarmos com versículos que nos pintam a vida em preto e branco.

A leitura da Torá desta semana sempre cai nos dias que antecedem Rosh Hashaná. Há uma pergunta clássica ligada a esse período, que trata das questões mencionadas antes. Os rabinos nos ensinam que em Rosh Hashaná se abrem três livros. O primeiro é para os justos, ou tzadikim, que são imediatamente inscritos para a vida. O segundo é para os ímpios, que são imediatamente inscritos para a morte. O terceiro é para as pessoas que estão no meio, nem totalmente justas nem totalmente más, cujo julgamento é adiado até Yom Kipur. Segundo esse ensinamento, o decreto final é, em última análise, apenas uma das duas opções. Será que é assim de verdade? Há apenas dois caminhos? Além disso, o que acontece com os justos que não chegam a viver o ano todo? Será que eles não são realmente justos?

Você já assistiu às Olimpíadas? Sem dúvida, já foi testemunha de algumas atuações incrivelmente inspiradoras. É provável que tenha visto entrevistas com os vencedores da medalha de ouro que descrevem o longo caminho até conquistar o tão almejado prêmio. Foi fácil o caminho? Invariavelmente, os atletas relatam a longa e dura jornada rumo ao triunfo. Refletem sobre as dificuldades, o anseio pela grandeza e, finalmente, o sabor embriagador do sucesso. É óbvio que ser simplesmente "bom" não tem lugar nas Olimpíadas e não produz vencedores de medalhas de ouro.

Em todos os campos imagináveis — música, teatro, literatura, ciência ou o que for — o objetivo é sempre a grandeza. Ser bom não faz com que um ator ganhe um Oscar, nem que um estadista receba o Nobel da Paz, nem que um cantor consiga lotar salas de concerto. Exigimos excelência em todos os aspectos da vida, mas, curiosamente, quando se trata da própria vida, conformamo-nos em ser simplesmente "bons". Como alguém pode resignar-se a ser apenas uma "boa" pessoa? Não se entende…

Uma das razões pode ser que não temos uma ideia clara de como medir a grandeza na vida, então nos conformamos com "ser bons". Quando Hashem nos pede que escolhamos a vida e o bem, a que Ele se refere? A umas férias nas Bahamas? A ter três Mercedes por família? Tentemos definir a vida e o bem. Creio que chegaremos a uma definição ao definir seus opostos.

Todos conhecemos o famoso relato do Gênesis em que ao primeiro homem foi dito que não comesse do Fruto do Conhecimento e que, se o fizesse, morreria. Adão consumiu o fruto e, eis que não morreu imediatamente. De fato, viveu mais 930 anos. Há várias explicações para entender essa aparente discrepância, mas uma abordagem em particular é relevante para nosso debate. Sabemos que imediatamente depois de comer a fruta, Adão foi expulso do Jardim do Éden e foi enviado a vagar, afastado da proximidade com Hashem que havia sentido enquanto estava no Jardim. Aquele vagar, esse afastamento de Hashem, é a "morte" mencionada na história. Para o judeu, o fator que define a vida e a morte é a proximidade ou o afastamento da Fonte da Vida.

Hashem nos indica nossas opções: a vida e a morte, o bem e o mal, e nos suplica que escolhamos a vida. Não apenas ser "bons", mas conectar-nos à vida eterna que se encontra em Sua Torá. Em essência, Ele nos está dizendo: "Por que se conformar em ser apenas uma pessoa 'boa' se você pode se conectar comigo? Por favor, não faça da mediocridade uma meta de vida". Essa é a escolha que Hashem nos apresenta — uma vida cheia de significado e propósito último, ou a morte, uma existência basicamente sem sentido.

Fonte: Breslev.com

segunda-feira, 8 de setembro de 2025

O amor mais puro

O único consolo de uma geração que sofre em uma escuridão espiritual sem precedentes é que a luz chegará em breve, se D'us quiser.

Rabino Shalom Arush

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A Guemará nos diz que a escuridão mais densa precede o amanhecer. O único consolo de uma geração que sofre em uma escuridão espiritual sem precedentes é que a luz chegará em breve, se D'us quiser.

A inclinação ao mal nunca foi tão forte, e a escuridão espiritual e moral nunca foi tão profunda. Já é difícil por si só quando uma pessoa nasce na Sibéria ou na selva amazônica e nunca ouviu falar do judaísmo. Não estou me referindo a essas pessoas, mas sim a judeus observantes da Torá — até mesmo rabinos — que foram dominados pela inclinação ao mal por meio de fantasias e acabam fazendo exatamente o oposto do que a Torá ensina.

Como saber se alguém está realmente cumprindo seus deveres de acordo com a Torá? Há uma pergunta de diagnóstico rápido que todos podem se fazer: tenho *shalom bait*, paz no lar matrimonial? Se a resposta for negativa, então é preciso começar a estabelecer prioridades, deixando de lado todo o resto e concentrando-se em construir um casamento feliz. Não há nada mais importante — nem mesmo o estudo da Torá. A paz conjugal é a prova mais clara de que uma pessoa está vivendo conforme os ensinamentos da Torá. E a ausência de paz matrimonial demonstra exatamente o contrário. Quando alguém não vive aquilo que aprende, seu aprendizado passa para o lado escuro, o *sitra ajra*. Por essa razão, a paz conjugal é um pré-requisito absoluto para o crescimento na Torá.

Como pode uma pessoa afirmar ser um erudito da Torá ou um líder espiritual se não ama o próximo — que é o mandamento mais básico de todos? Os sorrisos e a amabilidade devem começar em casa, onde não há plateia aplaudindo nem exposição pública. Se você quer saber quem uma pessoa realmente é, observe como ela age com sua esposa em casa, não como age quando prega do púlpito.

Muitos maridos só percebem seu erro quando já é quase tarde demais — depois de receberem ordens de restrição e notificações judiciais contra si. Ingenuamente, encolhem os ombros e me escrevem dizendo que não fizeram nada errado, que não bateram na esposa nem lhe negaram dinheiro. Será que um marido que não bateu nem deixou sua esposa passar fome pode ser chamado de "bom marido"? Obviamente, eles não leram o *Jardim da Paz* antes de se casar. A Guemará afirma que uma mulher só obtém satisfação por meio de seu marido. O bom marido é aquele que pensa nela, que a escuta e se esforça verdadeiramente para fazê-la feliz em todos os sentidos. Ele se levanta para ajudá-la. Nem estamos falando aqui do amor físico, que, em essência, não é amor, mas diversão.

A cabeça e o coração de um marido carinhoso devem estar livres de luxúria. Suas únicas motivações no relacionamento conjugal devem ser trazer felicidade à esposa e criar uma família. No momento em que ele busca satisfazer suas próprias necessidades, passa a ser um receptor e não um doador. Como o marido é o doador e a esposa é a receptora, quando ele se torna receptor, ela fica sem marido — e duas mulheres nunca se dão bem na mesma cozinha.

Todo homem deve saber que não há nenhuma dispensa na Torá para olhar para outras mulheres. A imagem de sua esposa deveria ser a única imagem presente em sua mente.

Então, o que fazer se você está mal no seu casamento? Dedique trinta minutos por dia de sua oração pessoal para pedir a Hashem que o ajude a cuidar dos seus olhos e a construir um relacionamento feliz com sua esposa. Santidade pessoal e doação a ela são as palavras-chave.

quinta-feira, 4 de setembro de 2025

Acorda pra vida! | O Jardim da Emuná - Fé || Rav Aharon Noeh

A mensagem central do vídeo enfatiza a importância da emunat hashem (fé completa no Criador), oração e autoconhecimento para enfrentar as dificuldades da vida. O orador destaca que as tribulações são oportunidades de crescimento espiritual e que a conexão com Hashem é essencial para encontrar propósito e significado nas experiências diárias.

Destaques:

  • A emuná, ou fé, é fundamental para nossa conexão espiritual e para enfrentarmos desafios. Acreditar que tudo acontece para o nosso bem nos fortalece e nos guia na vida.
  • O mês de Lul é um período importante para arrependimento e conexão com o Criador. É um tempo de reflexão e de fazer boas ações para melhorar nossa vida.
  • Ter emunat em nós mesmos e na Torá é essencial para superar dificuldades. Essa crença nos permite entender que temos poder espiritual para alcançar nossos objetivos.
  • A prática diária de oração e estudo é crucial para vencer desafios pessoais. A dedicação a essas atividades transforma nossa vida e nos ajuda a crescer espiritualmente.
  • O julgamento após a morte é um tema central, onde nossas ações são registradas em um livro da vida. As consequências de nossas ações diárias podem levar a um destino espiritual, positivo ou negativo.
  • A prática de Bodedut é crucial, pois permite arrependimento e compreensão das ações. Isso resulta em um "carimbo" positivo no livro da vida.
  • Falar mal dos outros é comparado a assassinato, imoralidade e idolatria, pois danifica a alma da pessoa e a reputação dela. Isso gera consequências espirituais severas.
  • Comportamentos como desperdício e corrupção acarretam dívidas espirituais, levando a reencarnações em formas inferiores. A pureza da alma é fundamental para evitar tais destinos.
  • Não devemos deixar as complexidades da vida nos vencer. Precisamos reconhecer que somos uma neshamá, uma centelha divina que deseja viver e brilhar intensamente.
  • A luta constante e a busca por aché são essenciais para nossa evolução espiritual. Enfrentar dificuldades nos torna mais humildes e nos aproxima de Hashem.
  • A humildade, a emunat e o desejo formam uma entidade única que nos conecta a Hashem. Reconhecer nossas limitações é crucial para cultivar essa conexão.
  • A prática diária de gratidão e oração fortalece nosso relacionamento com Hashem. Mesmo em tempos bons, devemos buscar essa conexão de forma constante.
  • A busca por um propósito espiritual é essencial para uma vida significativa e gratificante. Quando reconhecemos nossa necessidade de conexão com Deus, tudo se torna mais doce e valioso.
  • Famosos e ricos frequentemente enfrentam solidão e desespero sem uma conexão com Deus. Isso evidencia a importância de buscar um propósito espiritual diariamente.
  • Problemas na vida podem ser vistos como oportunidades de crescimento espiritual. Essa perspectiva nos ajuda a enfrentar dificuldades com mais facilidade e resiliência.
  • A compaixão de Deus se revela em nossas vidas quando pedimos ajuda. Este relacionamento íntimo nos permite superar desafios e encontrar significado em nossa jornada.
  • A eletricidade deve passar por transformadores e disjuntores para ser segura, assim como a luz divina de Achem precisa ser administrada para não sobrecarregar nossas almas. Dessa forma, somos preparados para receber uma maior iluminação espiritual.
  • A comparação entre a eletricidade e a luz divina mostra a necessidade de preparação espiritual. Precisamos nos tornar recipientes adequados para receber essa luz.
  • A narrativa dos quatro rabinos que entraram no pomar destaca a importância do preparo espiritual. Apenas um deles saiu em paz, provando a necessidade de estar pronto para a luz divina.
  • O exemplo de Rabi Akiva ilustra como esforços pessoais e superação de desafios podem fortalecer nosso eu espiritual. Ele se tornou um grande sábio apesar de suas dificuldades.
  • As dificuldades da vida são essenciais para o crescimento espiritual e pessoal. Elas nos aproximam de Hashem, fortalecendo nossa alma e nos preparando para enfrentar os desafios.
  • Rabiaquiva, apesar de rejeições, tornou-se um exemplo de perseverança e profundidade espiritual, em contraste com seus colegas que não enfrentaram as mesmas dificuldades.
  • As lutas pessoais são oportunidades para pedir ajuda a Hashem, permitindo que possamos entender melhor nosso propósito e fortalecer nossa confiança nele.
  • Reconhecer que os desafios são caminhos para a iluminação espiritual ajuda a transformar desespero em esperança, motivando o crescimento pessoal e espiritual.
  • A busca da alma por luz durante momentos de escuridão é essencial para superar dificuldades. Essa jornada traz crescimento espiritual e aproximação a valores divinos, mesmo em tempos desafiadores.
  • As dificuldades enfrentadas na vida muitas vezes motivam a busca por uma conexão mais profunda com a espiritualidade e o sentido da vida. Isso é evidenciado por histórias de grandes sábios.
  • A relação entre dificuldades e a intensidade da oração é destacada, onde momentos de dor levam a uma maior busca por respostas e conexão com a divindade.
  • A ideia de que as dificuldades são temporárias e podem ser vistas como oportunidades de crescimento espiritual é enfatizada, encorajando a resiliência e a perseverança na emunat.

A emunat pode oferecer apoio em momentos difíceis de várias maneiras interligadas. Aqui vão alguns aspectos práticos e psicológicos que costumam aparecer quando a fé está presente:

Como a emunat pode ajudar em momentos difíceis?

1) Consolação e esperança

  • Sentimento de propósito: acreditar que há um propósito maior por trás das dificuldades pode reduzir o desespero imediato.
  • Luz no escuro: a emunat frequentemente oferece uma perspectiva de que as situações desafiadoras são temporárias e que mudanças são possíveis.

2) Estrutura e rotina espiritual

  • Práticas regulares: oração, meditação, leitura de textos sagrados ou rituais ajudam a criar uma rotina estável em meio ao caos.
  • Disciplina emocional: essas práticas podem acalmar a mente, reduzir a ansiedade e melhorar o foco.

3) Sentido de comunidade e pertencimento

  • Apoio social: comunidades de emunat costumam oferecer redes de apoio, encorajamento e compaixão, o que reduz o isolamento.
  • Compartilhamento de dificuldades: trocar experiências com pessoas que passam por situações similares pode trazer compreensão e esperança prática.

4) Ensinamentos sobre resiliência

  • Aceitação e transformação: muitos ensinamentos de fé falam sobre aceitar o que não se pode mudar, ao mesmo tempo buscando crescimento pessoal no que é possível.
  • Caridade e serviço: ajudar os outros pode dar significado às tribulações próprias e criar um senso de agência.

5) Regulação emocional e significado

  • Mindfulness religioso: a prática de estar presente durante momentos difíceis pode ser fortalecida pela fé.
  • Narrativa de superação: transformar o desafio em uma história de superação com valores centrais (fé, gratidão, humildade) pode fortalecer a resiliência.

6) Perspectiva sobre o sofrimento

  • Sofrimento como dimensão humana: a emunat pode oferecer a visão de que o sofrimento não é sem sentido, mas pode ter um propósito maior ou lições aprendidas.
  • Confiança na misericórdia/divina providência: para muitos, isso reduz a sensação de abandono e aumenta a esperança de que as coisas podem melhorar.

O papel da oração na vida espiritual

A oração é uma prática central em muitas tradições de emunat e pode cumprir várias funções importantes para o desenvolvimento espiritual, emocional e comunitário. Abaixo estão alguns aspectos comuns de como a oração atua na vida espiritual:

1) Comunicação com o divino

  • Conexão direta: a oração é um meio de conversar com Hashem, Deus, ou o sagrado, buscando intimidade, louvor, gratidão e pedido.
  • Expressão de desejo e confiança: permite externar anseios, dúvidas e confiança na providência divina.

2) Foco e disciplina interior

  • Rotina espiritual: horários de oração ajudam a estruturar o dia e manter a mente voltada para valores espirituais.
  • Calma mental: a prática repetitiva pode reduzir o ruído mental, promovendo concentração e serenidade.

3) Regulação emocional

  • Processamento de emoções: a oração oferece um espaço para reconhecer medo, dor, gratidão e esperança.
  • Resiliência: ao compartilhar orações de dificuldade, a pessoa pode sentir apoio simbólico e emocional.

4) Desenvolvimento de virtudes

  • Humildade e gratidão: reconhecer limitações próprias e agradecer pelas bênçãos cultivam atitudes positivas.
  • Perdão e compaixão: preces de pedido de perdão ou de intercessão pelos outros podem fortalecer empatia e responsabilidade moral.

5) Transformação de perspectiva

  • Narrativa de sentido: a oração pode ajudar a reinterpretar eventos difíceis, buscando propósito ou lições aprendidas.
  • Confiança na providência: em muitas tradições, a oração reforça a ideia de que não estamos sozinhos diante das vicissitudes da vida.

6) Comunidade e pertencimento

  • Unidade espiritual: orar em grupo fortalece laços comunitários, cria um senso de pertencimento e ressonância compartilhada de valores.
  • Transmissão de tradição: orações coletivas ajudam a manter vivas práticas, memórias e identidades religiosas.

7) Práticas práticas de oração

  • Oração vocal: súplicas, louvores, agradecer e pedir orientação.
  • Oração contemplativa: silêncio, meditação, repetição de uma palavra ou frase sagrada.
  • Estudo associado: leitura de textos sagrados na moldura da oração para aprofundar compreensão.
  • Gestos e rituais: ajoelhar, acender velas, beijar textos sagrados, que podem intensificar a experiência.

Extraído resumo do vídeo no Youtube do Canal do Breslev em Português.

A mãe pássaro – Ki Tetzé

**A mãe pássaro – Ki Tetzé**

A mitsvá de deixar ir a mãe pássaro antes de pegar seus ovos ou filhotes ensina uma profunda lição sobre a grandeza da maternidade.

Rabanit Jana Braja Seigelbaum



A mitsvá de deixar ir a mãe pássaro antes de levar seus ovos ou filhotes nos ensina uma profunda lição sobre a grandeza da maternidade. Ibn Ezra afirma que a mãe é essencial, por isso o caçador deve deixá-la em paz e respeitá-la. “Se por acaso houver um ninho de ave diante de ti no caminho, em qualquer árvore ou sobre a terra, com filhotes ou ovos, e a mãe estiver empoleirada sobre os filhotes ou sobre os ovos, não tomarás a mãe com os filhotes. Deverás deixar ir a mãe, mas poderás levar os filhotes, para que te vá bem e prolongues os teus dias” (Devarim 22:6-7).

RESPEITAR A MÃE DA VIDA

Segundo o Ramban, a recompensa por despedir a mãe pássaro é especialmente grande porque esta mitsvá envolve um tema tão profundo e elevado. O Kli Yakar observa que a recompensa por esta mitsvá é idêntica à recompensa por cumprir o mandamento de honrar os pais. Ambas as mitsvot nos ensinam que nenhum ser vem ao mundo sem uma mãe que o trouxe à luz. Essa cadeia de maternidade conduz-nos de volta a Hashem — a Mãe original, Aquela que deu à luz ao mundo. Se o mundo fosse eterno, sem um Criador, não haveria razão para honrarmos nossos pais. No entanto, cremos que a primeira Mãe compartilhou a Sua honra com todas as mães que d'ElA emanaram. Por isso, devemos honrar nossos pais e também despedir a mãe pássaro. Como ambas as mitsvot reforçam nossa crença na criação do mundo, a recompensa por elas é viver uma vida longa neste mundo. Esse é o fundamento da emuná (fé), como está escrito: “O justo viverá pela sua fé” (Habacuque 2:4). Por meio da emuná, apegamo-nos à fonte da vida — e, portanto, a recompensa por isso é viver uma vida longa.

PARA REPARAR O MUNDO

Imediatamente após a mitsvá de despedir a mãe pássaro, menciona-se a construção de uma nova casa. Nossos Sábios explicam essa proximidade da seguinte maneira: se cumprires a mitsvá de despedir a mãe pássaro, terás o mérito de construir uma casa nova, pois esta mitsvá leva-te a crer que D'us criou e construiu o mundo (ver Rashi, Devarim 22:8).

O Rabino Eliahu Kitov pergunta por que a Torá proíbe tirar a mãe pássaro de cima de seus filhotes no ninho, quando em geral permite tirar a vida de qualquer pássaro para atender às necessidades da humanidade. Além disso, por que a Torá demonstra compaixão apenas pela mãe e não pelos filhotes? Ele próprio explica que os filhotes, assim como os ovos, pertencem à humanidade, pois D'us nos fez soberanos sobre todos os animais. Mas por que os seres humanos podem controlar a mãe que paira sobre seus filhotes? A razão pela qual ela não voa e foge da mão do caçador é o seu instinto de proteger os filhotes. Essa mãe dedica-se à criação de seus filhos, que é a forma mais essencial de Tikkun HaOlam (reparação do mundo). Para proteger seus filhotes, a mãe está disposta a arriscar-se a ser capturada pelo caçador. Não é apropriado aproveitar-se cruelmente desse nobre traço de caráter, que D'us imprimiu em Suas criaturas. Por isso, devemos libertar a mãe pássaro. Ela poderá então partir e construir outro ninho, cumprindo assim a vontade do seu Criador ao continuar envolvida na reparação do mundo.

Ainda que a humanidade seja soberana sobre toda a criação, não podemos subjugar o espírito de D'us que Ele concedeu a todas as Suas criaturas. O instinto maternal de proteger os filhotes é considerado a manifestação do espírito de D'us que mantém o mundo em movimento.

NOSSA ALMA É UMA MÃE PÁSSARO LIBERTA

O Ramban apresenta uma razão cabalística para a mitsvá de despedir a mãe pássaro. Ele cita o Rabino Rejmai do Sefer HaBahir, que observa que a Torá dá mais ênfase à mãe do que ao pai. Isso ocorre porque a mãe se refere ao atributo de Biná, muitas vezes chamado de “intuição”, como afirma: “Pois a mãe se chama Biná” (Provérbios 2:3).

Assim como a mãe tem o poder de dar à luz, o atributo de Biná dá à luz às sete sefirot inferiores (emanações divinas), encarnadas nos sete dias da Criação. Esses dias nos ensinam a ter fé em D'us e em Sua providência divina. Assim como devemos libertar a mãe pássaro — que também alude à alma — e deixá-la reunir-se com seu Criador, ela nos lega a sua descendência. Os ensinamentos de fé e as boas ações que adquirimos neste mundo são os filhos da alma.

quinta-feira, 28 de agosto de 2025

Os parceiros na Criação – Shoftim

Raramente na Torá somos informados sobre o que D'us “aborrece”. Na parashá desta semana, somos alertados sobre a proibição de erguer um tipo de altar chamado matzevá. O versículo logo nos informa que isso é algo que “Hashem, teu D'us, aborrece”.

O que há de tão terrível nesse altar? Além disso, a Torá nos ordena construir um tipo de altar chamado Mizbéaj como parte do Santuário. Esse tipo de altar (Mizbéaj) é digno de louvor, enquanto o outro (matzevá) é proibido. Por que existe uma diferença tão substancial entre esses dois tipos de altares?

Por fim, nosso ancestral Jacó construiu diferentes tipos de altares durante sua vida, sendo o primeiro deles uma matzevá. Mas se D'us aborrece esse tipo de estrutura, por que Jacó a construiu?

É interessante notar que, em um período posterior de sua vida, Jacó acabou construindo um Mizbéaj. Tentaremos explicar por que ocorreu essa mudança.

A resposta a essas perguntas baseia-se nas ideias do grande líder judaico alemão do século XIX, o rabino Samson Raphael Hirsch. Qual é a diferença entre uma matzevá e um Mizbéaj? A matzevá é um altar feito de uma única pedra, ao contrário do Mizbéaj, que é composto por várias pedras. Essa simples diferença contém um profundo simbolismo.

Na época de nossos Patriarcas, a humanidade basicamente desconhecia a existência de Hashem. A idolatria e o paganismo eram algo natural. Nossos grandes antepassados — Abraão, Itzchak (Isaac) e Yaacov (Jacó) — passaram suas vidas ensinando e difundindo a crença em um único D'us. A ideia de que toda a natureza estava unificada e emanava de uma única fonte — Hashem — era simbolizada pela matzevá de pedra única. A consciência dessa unidade foi um grande avanço para a humanidade, e, naquele momento, o símbolo correspondente da unidade da vida, a matzevá, era amado por D'us.

Essa ideia foi fundamental até o momento da entrega da Torá. Naquele instante, o povo judeu foi chamado a viver uma vida que não apenas revelasse a unicidade de Hashem na natureza, mas que se concretizasse ao tornar-se parceiro de D'us na construção de um mundo ideal.

A partir de então, tornou-se tarefa do povo judeu viver e ensinar ao mundo não apenas a existência de um Criador, mas também o desafio e a responsabilidade da humanidade na criação desse mundo perfeito.

Esse conceito é simbolizado no Mizbéaj de múltiplas pedras.

Na época dos Patriarcas, o conceito da matzevá de pedra única serviu para criar uma consciência capaz de despertar o mundo de seu paganismo errôneo e desenvolver uma percepção da verdade da realidade: que Hashem está por trás de tudo e une toda a existência.

No entanto, uma vez que nos tornamos a nação da Torá no Monte Sinai, essa consciência passou a ser insuficiente. A partir daquele momento, nossa participação humana tornou-se essencial para alcançar a perfeição deste mundo.

Essa transição também foi simbolizada na vida de Jacó. Antes de viajar à casa de Lavan para se casar e formar uma família, seu foco estava em difundir a mensagem de Abraão e Itzchak, ou seja, que existe um único Criador — Hashem — que está envolvido em tudo o que acontece e que dirige toda a criação. Depois de se casar e retornar à terra de Israel com a família que seria a base do povo judeu, sua missão mudou. Agora, sua responsabilidade — e a de sua família — seria trabalhar juntos para formar uma sociedade que refletisse a verdade, a santidade e a luz Divina neste mundo. É por isso que ele construiu um altar de pedra única, uma matzevá, antes de sair de Israel, mas, ao retornar, ergueu uma estrutura de várias pedras — ou seja, um Mizbéaj.

É preciso apreciar o incrível privilégio de nos tornarmos parceiros na Criação, construindo, metaforicamente, um altar de múltiplas pedras, no qual cada pessoa contribui com seus dons únicos para a retificação do mundo.

Com essa visão, esperamos utilizar todas e cada uma das oportunidades que nos forem apresentadas para contribuir com nossos talentos ao mundo inteiro e transformá-lo em um lugar verdadeiramente Divino.

Escrito por Breslev Israel - Yeshiva

terça-feira, 26 de agosto de 2025

O destino da testemunha falsa – Shoftim

O destino da testemunha falsa – Shoftim


Rabino David Charlop

Ouça este artigo:

Qual poder têm nossos pensamentos? Se alguém tem intenções malignas que nunca chegam a se concretizar, para onde vão esses pensamentos?


O Maharal de Praga (1525–1609) oferece uma explicação fascinante para essas perguntas. No entanto, para entender bem seu ensinamento, precisamos começar analisando um preceito da leitura da Torá desta semana, que convida à reflexão.


Duas testemunhas comparecem a um tribunal judaico e afirmam que uma pessoa qualquer — que chamaremos de Sam — violou uma proibição da Torá. Por exemplo, dizem que Sam comeu comida não kosher, profanou o Shabat ou matou alguém, e portanto merece ser punido. O tribunal ouve o testemunho e, com base nele, decide que Sam é culpado. No entanto, entre a sentença e a execução real da punição, surgem duas novas testemunhas que desmentem totalmente o testemunho do primeiro grupo, explicando ao tribunal que os primeiros testemunhos são inválidos porque aqueles homens não estavam próximos do local do suposto crime.


O que você acha, querido leitor? O que deveria ser feito com as primeiras testemunhas? Aplicar uma multa? Mandá-las para a prisão por alguns meses? Impor um castigo corporal?


De acordo com a Torá, devemos infligir às testemunhas falsas exatamente o mesmo castigo que elas tentaram impor ao acusado. Sim, é isso mesmo. Se disseram que Sam merecia açoites, então são elas que recebem os açoites. Se tentaram condená-lo à morte, são elas que são executadas.


Provavelmente, para a maioria das pessoas, esse método parece um tanto surpreendente. Afinal, embora o que fizeram certamente não seja digno de elogios, muitos achariam que essa lei de “olho por olho” é um pouco extrema, não é?


Sobre esse ponto, o Maharal explica o funcionamento interno das ações dessas testemunhas. E, a partir de suas palavras, podemos descobrir o quão poderosos são, de fato, os pensamentos.


Para entender seu ensinamento, vamos primeiro analisar o que essas testemunhas fizeram de errado e por que merecem tal punição. É óbvio que não são responsáveis por ferir diretamente alguém, já que sua transgressão foi apenas verbal. Poderíamos puni-las pelo susto ou pela angústia emocional causada ao acusado, mas impor açoites ou pena de morte apenas por causar sofrimento emocional parece exagerado.


Na verdade, o único erro real delas foi terem más intenções. Elaboraram um plano para prejudicar alguém, e por isso são consideradas responsáveis. Mas, se sua transgressão se limitou aos pensamentos e às palavras, por que merecem um castigo tão severo?


Em geral, a maioria das pessoas entende recompensa e punição com base em experiências infantis: se formos bons, D'us nos dá um doce; se formos maus, levamos uma bronca. Já como adultos, precisamos aprofundar nossa compreensão desse tema, para perceber a interconexão entre nossos pensamentos, nossos atos e seus resultados.


Se alguém tenta arremessar sua bicicleta contra uma parede com a intenção de derrubá-la, o mais provável é que a pessoa e a bicicleta saiam machucadas, enquanto a parede permanece de pé. Isso é um castigo? Obviamente, é uma consequência direta de um ato insensato. Essa analogia reflete, de forma um pouco simplificada, a verdadeira natureza da recompensa e da punição. O que fazemos — ou deixamos de fazer — retorna a nós como uma consequência natural no plano físico ou espiritual.


Quando as testemunhas foram acusar falsamente uma pessoa inocente, agiram com a intenção de causar dano. Seus pensamentos criaram uma realidade e colocaram em movimento a possibilidade de prejudicar o acusado. Mas o que acontece agora, já que o acusado é inocente?


Segundo o Maharal, a mesma intenção maligna volta-se contra os próprios acusadores. Os maus pensamentos não se dissipam nem desaparecem: são reais e têm o poder de causar danos. Como Sam não é o destinatário justo desses planos maliciosos, a intenção maligna reverte e se torna a causa do castigo das testemunhas.


O Maharal compara isso a uma pedra lançada contra uma parede: não só bate na parede e cai ao chão, como pode ricochetear e ferir quem a lançou.


Contudo, as ideias do Maharal não nos ensinam apenas sobre o poder dos pensamentos e das palavras, mas também nos mostram uma imagem mais precisa do que são recompensa e punição. A máxima “o que alguém semeia, isso colherá” se aplica até mesmo aos aspectos mais espirituais de nossas vidas.


Fonte: breslev.com

O primeiro passo

Não existe casal que não passe por dificuldades e brigas. Às vezes, as crises chegam ao ponto de ebulição, com o divórcio à vista. Nesse ponto, o casal tem duas opções: tentar investir, trabalhar e reabilitar o casamento, ou desistir e se divorciar, chalila .

Existe algum indicador que possa prever o sucesso do casal em voltar a viver em paz um com o outro?

A resposta é que existe tal coisa, o que, naturalmente, levanta a questão do que é. Ou, em outras palavras: qual é a primeira coisa que se deve verificar, despertar, enfatizar e construir conforme necessário, antes de iniciar qualquer processo de reabilitação e reconciliação?

Chazal nos conta em Masechet Avot d'Rabbi Natan como Aharon Hacohen costumava mediar e reconectar duas pessoas que haviam brigado:

Quando duas pessoas brigavam, Aharon ia sentar-se ao lado de uma delas e dizia: Meu filho, veja a angústia que seu amigo está passando! Seu coração está despedaçado e ele está rasgando as próprias roupas. Ele diz: Como posso encarar meu velho amigo? Estou tão envergonhado, traí sua confiança. Aharon sentava-se com ele até que sua raiva diminuísse. Então Aharon ia até a outra e dizia: Meu filho, veja a angústia que seu amigo está passando! Seu coração está despedaçado e ele está rasgando as próprias roupas. Ele diz: Como posso encarar meu velho amigo? Estou tão envergonhado, traí sua confiança. Aharon sentava-se com ele até que sua raiva diminuísse. Quando as duas pessoas se viam, elas se abraçavam e se beijavam .

Lendo a fundo a história de Aharon Hacohen , vemos que, enquanto as partes não acreditarem na boa vontade e no cuidado uma da outra, não há paz possível. Cada um pensa: "Ele me odeia", "Ele não se importa com o que aconteceu", "Ele está feliz por eu estar sofrendo" e outros pensamentos semelhantes, que não permitem nenhum processo de reconciliação e apaziguamento.

E assim, o primeiro passo em qualquer reconciliação e em qualquer processo de paz conjugal é fazer com que ambas as partes acreditem que o outro lado não é ruim; ao contrário, ele (ou ela) ainda ama, se importa e quer que as coisas sejam boas para ambos.

Quando um dos lados perde completamente a fé de que o outro o ama, geralmente ele desiste no começo e não quer passar por nenhum processo; e mesmo que tentem algum processo, é provável que ele falhe.

Shalom Bayit (Paz no Lar) com Hashem Essas coisas são claras, simples e fáceis de entender. Mas a ideia inovadora que devemos ter em mente é que é exatamente a mesma coisa que o nosso relacionamento com o Criador! Exatamente a mesma coisa!

Todos os pecados, delitos e transgressões intencionais são "brigas", "explosões de raiva". E todo processo de teshuvá (arrependimento) é como fazer as pazes em casa, por assim dizer – paz entre o homem e seu Criador, e entre o povo judeu e Hashem Yitbarach . E assim, Chazal diz sobre o altar, que expia os pecados, que ele faz a paz entre Israel e seu Pai Celestial. De fato, Chazal junta tudo isso e diz: "Vão e aprendam com Moisés e Aharon, que se dispuseram a fazer a paz entre Israel e seu Pai Celestial, entre o homem e seu próximo, entre marido e mulher." 2

Se for assim, assim como para conectar duas pessoas é preciso convencer ambas as partes de que a outra o ama e está muito magoada com a separação e deseja muito a reconciliação, da mesma forma, para fazer teshuvá , devemos ouvir os tzaddikim que nos explicam o quanto Hashem nos ama, quer e aguarda nossa teshuvá , como um pai aguarda seu filho.

Isso nos dá conselhos incríveis e básicos para qualquer um que queira restaurar sua conexão com o Criador e realmente fazer teshuvá :

Para realmente fazer teshuvá , consertar tudo o que você quebrou, virar a página e desenvolver uma conexão real e profunda com o Criador por muitos dias e anos, uma conexão que é o ápice da felicidade e da perfeição do homem – para alcançar tudo isso, o primeiro passo é acreditar que Hashem te ama! Sem isso, não há nada para falar!

Esta é a principal emuná (fé) que todos nós carecemos. E essa é a razão profunda por trás do fenômeno de baalei teshuvá abandonarem o processo de teshuvá e de pessoas desistirem completamente de fazer teshuvá . Porque toda teshuvá , correção e conexão com o Criador são construídas sobre a fé, o sentimento e o conhecimento absoluto de que Hashem Yitbarach te ama, seja qual for o seu estado!

O pior de todos O inverso também funciona. A falta de fé de que Hashem me ama, me quer e está satisfeito comigo é a iniquidade mais grave. De acordo com o que explicamos, é fácil entender o porquê: o sentimento equivocado de que Hashem não me ama e não quer minha teshuvá é a maior causa da desconexão de Hashem. Fecha a porta para todo o processo de teshuvá , de cura, de retificação; porque se Hashem não me ama, a conclusão é o desespero total.

E assim, o próprio desespero é o resultado de não aceitar o princípio básico de que Hashem me ama e que sou importante, precioso e favorecido aos Seus olhos, yitbarach . Com tal desespero, não se pode seguir em frente – o caminho fica completamente bloqueado.

Agora podemos entender o que o Rabino Natan diz em suas orações: “E se eu disser, chas veshalom , que minha esperança se foi e também minha expectativa de Hashem, isso é mais difícil do que o primeiro .” E, usando uma linguagem ainda mais dura, o Rabino Natan diz para si mesmo: "Não diga morra, chas veshalom , alegando que seus pecados estão com você, e você está apodrecendo neles, chas veshalom , e você não pode se arrepender de suas loucuras e atos equivocados porque seus pecados foram além disso, a ponto de chas veshalom sua vida eterna e sua esperança em Hashem se foram. Oh, oh, tenha misericórdia e compaixão de si mesmo e dos poucos dias que lhe restam neste mundo, que passam num piscar de olhos, e não diga tais coisas, chalila , porque isso é pior do que o que você disse antes, porque tais pensamentos, ideias e confusões são difíceis e prejudiciais, e irritam seu Criador mais do que todos os pecados, iniquidades e transgressões intencionais que você cometeu desde o seu início até hoje."

A raiz da “Bilam-idade” O perverso Bilam era um símbolo do mal. Ele era um profeta, compreendia as coisas, tinha "conhecimento do Altíssimo", Hashem lhe fala; e, no entanto, é um homem completamente corrupto, uma das pessoas mais sujas do mundo quando se trata de questões de santidade, um pecador que faz os outros pecarem, cheio de luxúria, mau-olhado e ganância, cujos desejos não conhecem satisfação, e a cereja do bolo: ele é um verdadeiro odiador do povo judeu; tudo o que ele quer é aniquilá-lo e destruí-lo.

Qual é a raiz de todo esse mal?

O Santo Rashi expressa a raiz profunda de todo esse mal em poucas palavras. Quando os emissários de Balaque chegam a Bilam, Hashem Yitbarach se revela a Bilam e lhe pergunta: "Quem são essas pessoas que estão com você?" A resposta de Bilam é: "Balak, filho de Tzippor, os enviou a mim." 3 E Rashi explica: "Embora eu não seja importante aos Seus olhos , sou importante aos olhos dos reis."

Em outras palavras, a raiz profunda de toda a maldade de Bilam é sua percepção distorcida de que ele não é importante aos olhos de Hashem! Se eu não sou importante para Hashem, não tenho chance, e não tenho razão para me esforçar para tentar me aproximar Dele ou consertar minhas ações.

Pensar que Hashem não te considera importante – essa é a mais séria desconexão com Hashem. Não é humildade – é kefira (heresia)!

E se isso soar muito extremo para você, eu o surpreenderei e direi que essas não são minhas próprias palavras – ao contrário, são as palavras do “advogado de defesa” dos judeus, Rabino Levi Yitzchak de Berditchev, autor do Kedushat Levi : “Se [uma pessoa] se desespera e diz que o Santo, Bendito Seja Ele, não obtém prazer no mundo humilde – isso não é chamado de pessoa humilde; na verdade, ela está se inclinando na direção do kefira .” 4

Portanto, cada um de vocês, queridos leitores, este é o seu primeiro passo: creiam de todo o coração e tenham a consciência clara e firme de que Hashem Yitbarach os ama, independentemente de qualquer coisa. Mesmo que tenham cometido todas as transgressões do mundo, Hashem lhes diz: “Eu sempre os amei, estou esperando por vocês e ansioso para ter um relacionamento com vocês; peço apenas uma coisa: lembrem-se de que Eu sempre os amei e desejo fazer apenas o bem e ainda mais bem. Enquanto acreditarem nisso, vocês sempre estarão conectados a Mim e apegados a Mim.”

Fonte: breslev.com

quarta-feira, 20 de agosto de 2025

Acredite em si mesmo – Acredite em Hashem

Crie em si mesmo – Crie em Hashem

Não há nada que quebre mais o espírito de uma pessoa do que a sensação de não estar progredindo. Quando alguém sente que não avança em seu caminho espiritual, emocional ou pessoal, perde a fé em si mesmo e no propósito de sua jornada. Especialmente quando, após meses ou anos, percebe que continua exatamente como era antes.

A forma mais poderosa de se encorajar é compreender que, mesmo que pareça que estamos desistindo de nossos maiores ideais, na verdade estamos direcionando nossos esforços para um objetivo claro. E ao alcançá-lo, recuperaremos a confiança em nós mesmos e na força de nossas orações. Isso é mais importante do que qualquer outra coisa, pois é a chave para o sucesso em todas as áreas da vida. O Rabino Natan explica (Likutey Moharán – Najalot 4) que, ao focar profundamente em suas orações, a pessoa constrói uma ferramenta maravilhosa de autoconfiança — e, com isso, adquire o poder de trazer resultados por meio de suas súplicas durante toda a sua vida!

Ao alcançar esse estado, a pessoa preenche sua existência com sentido. À medida que progride, transforma-se e melhora, sua vida começa a avançar. Surge então uma alegria interior, uma sensação de realização e uma imagem positiva de si mesmo — tudo isso essencial para continuar caminhando com força e propósito.

Meia hora de esforço pode mudar tudo

É fundamental lembrar que, ao dedicar apenas meia hora por dia a trabalhar em um único objetivo espiritual, mesmo que ainda esteja longe da perfeição e tenha muitos aspectos a corrigir, esse pequeno esforço é suficiente para neutralizar completamente todos os “julgamentos” divinos contra você.

O que são esses “julgamentos”? São as dificuldades que Hashem permite em nossa vida quando percebe que não estamos cumprindo o que é esperado de nós. Esses desafios surgem em diferentes áreas — saúde, relacionamentos, trabalho — não como castigo, mas como um chamado de atenção, um toque suave para nos despertar do torpor espiritual.

No entanto, quando uma pessoa se dedica com sinceridade a um único objetivo, mesmo deixando outros de lado por enquanto, Hashem se agrada. Ele sabe que o ser humano é limitado, que não pode corrigir tudo de uma só vez. E por isso, quando vê que alguém escolheu um caminho específico para trabalhar, Ele tem paciência com as demais imperfeições. Mas se a pessoa não escolhe nenhum foco, Hashem entende que, na verdade, ela não pretende mudar — e então envia sofrimentos para despertá-la.

Por isso, ao investir com profundidade em um único aspecto da vida, a pessoa consegue afastar todos os julgamentos divinos. A vida se torna mais leve, doce e plena.

Hashem entende nossas limitações

Nenhum pai sensato exige que seu filho faça algo além de suas forças. Da mesma forma, Hashem não espera que resolvamos todos os nossos problemas de uma só vez — porque isso é humanamente impossível. Quando um pai vê seu filho se esforçando para superar um defeito ou um mau hábito, ele se alegra profundamente e não exige mais do que isso. Assim também é Hashem: Ele se alegra conosco quando fazemos o possível para melhorar, e não tem acusações contra nós.

Se o atributo da justiça (Din) se levanta contra nós, Hashem responde: “O que você quer dele? Ele está trabalhando em si mesmo, progredindo em tal área da vida. Com o tempo, alcançará seu objetivo e depois se voltará para os outros.” Quando não há julgamentos contra nós, a vida flui com paz e bondade.

Devemos sempre lembrar deste princípio simples, mas profundamente verdadeiro: é impossível corrigir tudo ao mesmo tempo. É exatamente nisso que a Mitzrá (a inclinação negativa) se alimenta — fazendo-nos esquecer dessa verdade para nos atormentar com culpa e desespero. Por isso, é vital mantermos essa consciência viva em nossos corações.

A jornada é longa, mas cada passo conta

O Santo, Bendito Seja, criou o ser humano como um ser finito. É Sua vontade que nos esforcemos intensamente para alcançar um objetivo, depois outro, e mais outro. Esse é o único caminho verdadeiro para nos aproximarmos de Hashem. É nas dificuldades que sentimos nossa necessidade d’Ele, é nelas que oramos com sinceridade e agradecemos por cada pequeno avanço. Se tudo fosse fácil, nos esqueceríamos de Hashem, nos tornaríamos soberbos e nos afastaríamos d’Ele.

Portanto, devemos saber que o propósito de nossa existência é estar perto de Hashem. Quando fazemos o trabalho da vontade divina — quando desejamos o que Ele deseja — isso já é chamado de “estar perto de Hashem”, mesmo que ainda não tenhamos alcançado o objetivo. Nós esperamos, anelamos e confiamos que Ele nos salvará.

E por isso, podemos até nos alegrar por ter sido criados como seres limitados. Assim, podemos focar em um tema por vez, exigindo de nós muito esforço e dedicação — e é exatamente assim que nos aproximamos verdadeiramente do serviço divino e da oração.

Não perca a esperança

Por essa razão, jamais devemos perder a esperança. Devemos lembrar que esta é uma jornada longa e que o progresso é lento. O importante é continuar no caminho, com muita paciência e constância. Todo aquele que deseja se aproximar de Hashem e unir-se a Ele nunca se desespera — porque não tem medo de esperar, se necessário. Cada dia, ele se une mais a Hashem através do trabalho interior, e já conquistou o elemento mais essencial: a fé, a emuná.

Esse é o ponto central que deve ocupar lugar de destaque em nossa consciência: precisamos de muita paciência e perseverança. Esse processo, sem dúvida, levará tempo. Nós fazemos a nossa parte e dizemos a Hashem:

“Quero corrigir todos os meus maus traços de caráter. Quero me libertar de todas as minhas paixões físicas, maus hábitos e do caos interior que carrego. Não quero cometer nenhum pecado. Quero cumprir todas as mitzvot com perfeição e me arrepender plenamente dos meus erros. Mas sei que não posso lutar em todos os frentes ao mesmo tempo. Por isso, faço a minha parte: trabalho no que é mais urgente agora, pois sei que é isso que Tu esperas de mim neste momento.”

“Por favor, peço-Te que me ajudes a não me desviar deste caminho, nem desistir, mas que eu continue até ver resultados concretos. Então poderei avançar para outra área que precise de correção. Enquanto isso, quero me alegrar em cada dia que me aproxima mais de Ti, e orar para cumprir a Tua vontade. Isso é o mais importante para mim. É o meu propósito. Se eu não tivesse tantos aspectos a corrigir, minha vida estaria desconectada de Ti. Por isso, agradeço-Te por todas as oportunidades de reparação. Ajuda-me a me alegrar no meu trabalho, e não me desanime por ele levar tanto tempo.”

Um passo afeta toda a vida

Além disso, devemos lembrar: quando uma pessoa trabalha profundamente em um único tema, isso impacta positivamente toda a sua vida. No serviço divino, todos os aspectos estão interligados. Quando alguém desenvolve fé, isso traz alegria, elimina a raiva, melhora os relacionamentos e fortalece a harmonia familiar. Da mesma forma, corrigir o pacto de santidade influencia todos os âmbitos da vida — é a chamada “retificação universal”, como o próprio nome sugere.

Como o Rabino Natan ensina na introdução ao Sefer HaMidot, ouviu diretamente do Rabino Najman de Breslev: “Todos os traços de caráter são vizinhos. Por isso, um pode ajudar o outro.” Assim, quando uma pessoa melhora em uma área, não está ignorando as demais — pelo contrário, essa melhora se irradia por todo o seu serviço espiritual.

Portanto, cada pequeno esforço tem o poder de neutralizar completamente os julgamentos que pesam sobre nós. Não há mais condenações divinas em nosso caminho. A vida se torna boa, doce e cheia de sentido. Nossa obra nos traz satisfação e eleva toda a nossa jornada espiritual.

Conclusão: Confie no processo

Não se desanime. Confie. Avance um passo de cada vez. Dedique-se com amor, paciência e fé. Hashem vê cada esforço, cada oração, cada tentativa de melhora. E Ele está ao seu lado, todos os dias, celebrando cada avanço — por menor que pareça.

Acredite em si mesmo.
E, acima de tudo, Acredite em Hashem.

Fonte:Breslev.com (traduzido do Espanhol para Português)

domingo, 17 de agosto de 2025

Fortalece tu Emuná

Fortalece tu Emuná

Únicamente quando alguém tem uma fé completa, suas orações são perfeitas, ou seja, sem dúvidas nem vacilações.

Grupo Breslev Israel

Portanto, a oração do indivíduo é um reflexo de sua medida de emuná (fé) e é aceita de acordo com essa medida. E aqui devemos ter muito cuidado. Há muitos fatores que enfraquecem a emuná e a oração, e especialmente enfraquecem nossa fé essencial de que Hashem deseja nos salvar. Por isso, precisamos conhecer isso e proteger-nos desses fatores, pois não devemos permitir que nada enfraqueça nossa oração.

Muitas vezes, a familiaridade que alguém tem com os ensinamentos da Torá e os escritos dos tzadikim o “esfria”, o desencoraja, e então a pessoa reza sem força. Inclusive conhecimentos que são verdadeiros e cheios de emuná podem impedir que alguém alcance a fé perfeita. Mas é proibido permitir que até mesmo esses conhecimentos tão verdadeiros enfraqueçam nossas orações, ainda que seja em um grau mínimo.

Por exemplo, alguém sabe que Hashem é Justo e Reto, como está escrito: “Ele é minha Rocha e não há injustiça nele” (Salmos 92:16). Sabe que tudo é julgado medida por medida. Se a pessoa foi castigada, foi sem dúvida por causa de seus pecados, pois não há sofrimento sem transgressões. Essa pessoa não foi afligida sem motivo. Hashem não condena sem justiça. Portanto, a pessoa deve fazer uma teshuvá (arrependimento) completa e examinar seu comportamento. E deve aceitar o decreto do Rei com amor e gratidão.

Todos esses são aspectos do que se chama uma “fé perfeita” e são absolutamente verdadeiros. No entanto, eles enfraquecem a oração. A pessoa sabe que merece um castigo, que ainda não fez teshuvá, e que Hashem é justo em tudo o que faz. Mesmo assim, a verdade absoluta é que Hashem quer que cada pessoa viva.

Além disso, o Rabino Meir nos ensina que mesmo que no Céu tenha sido decretado e selado um veredito de morte contra alguém, ainda assim, com uma fé perfeita, essa pessoa pode anular o decreto. Isso significa que, embora o julgamento Divino seja certamente verdadeiro e correto, por meio de uma oração perfeita, alguém pode anulá-lo e viver. Assim, depois que o profeta disse ao Rei Ezequias que o julgamento divino contra ele já estava selado, ele orou do fundo do coração — e o decreto foi imediatamente anulado. Isso aconteceu porque ele acreditou que, embora o profeta tivesse dito que ele morreria, Hashem queria que ele vivesse.

Da mesma forma, mesmo quando uma pessoa sabe que é má, indigna e imoral, Hashem deseja salvá-la, pois Ele quer salvar a todos. Isso porque o propósito do mundo é que vivamos, reconheçamos o Criador e acreditemos Nele. “Não morrerei, mas viverei e anunciarei as obras de D'us” (Salmos 118:17). “Não os mortos louvarão a D'us, nem todos os que descem ao silêncio” (Salmos 115:17).

Hashem quer salvar a todos, inclusive ao pecador mais grave. Na verdade, Ele deseja especialmente salvá-lo, porque quer que viva e corrija seu comportamento. Hashem não deseja que o ímpio morra, mas que abandone seu mau caminho e viva. Por isso, quando oramos, devemos acreditar com fé perfeita que Hashem quer que vivamos — tanto no sentido físico quanto no espiritual, ou seja, fazendo uma teshuvá completa.

Por isso, o que alguém deve fazer é clamar a Hashem com um único pensamento: “Preciso que me salves imediatamente, e Tu queres me salvar! Resgata-me! Dá-me o que preciso! Dá-me vida, acima de tudo. E depois ajuda-me a corrigir tudo o que preciso corrigir, a fazer teshuvá, a mudar, etc. Mas agora não posso pensar em tudo isso — só posso pensar em ser salvo, aqui e agora, porque essa é a Tua verdadeira vontade”.

Quando clamamos a Hashem com todo o coração e acreditamos Nele, não estamos “convencendo” Ele a nos resgatar, mas apenas aludindo à Sua verdadeira vontade, fazendo com que ela passe da potência ao ato. No momento em que oramos e elevamos esse clamor, não pensamos em mais nada. Não pensamos: “mereço” ou “não mereço”, “fiz teshuvá” ou “não fiz teshuvá”. Pensamos apenas numa coisa: “Hashem quer me salvar, e Ele está apenas esperando que eu faça o meu papel: clamar a Ele com todo o meu coração”.

Todos os outros pensamentos durante a oração — por mais verdadeiros que possam ser — enfraquecem nossa prece e a esfriam.

Únicamente quando alguém tem uma fé completa, suas orações são perfeitas, ou seja, sem dúvidas nem vacilações. São fortes e absolutas — e, portanto, eficazes. Pois quando clamamos com todo o coração, nossa oração cumpre seu propósito e anula todos os decretos contrários a nós.

Pense bem e tudo ficará bem!" (Trajt gut, vet zain gut - em iídiche).

 A vantagem do bitachon sobre a emuna


O Rebe explica que bitachon tem um traço de caráter e um mandato especial que emuná não tem.


Portanto, o bitachon ativa uma orientação Divina na pessoa.


em particular, até mesmo do ponto de vista da emuná.


Mencionaremos abaixo as poderosas palavras do Rebe de Lubavitch, de abençoada memória, sobre este assunto:


"Isso pode ser compreendido de acordo com as palavras de nosso professor al Tzemach Tzedek [o terceiro Rebe Chabad], que respondeu a alguém que lhe pediu para despertar misericórdia para uma pessoa gravemente doente, e disse:


E por suas palavras entende-se que o mero pensamento positivo (bitachon) produz efeitos positivos, um bem visível e revelado.


E podemos explicar a intenção por trás de suas palavras:


O dever de bitachon, que nos foi ordenado, não é simplesmente um detalhe ou uma consequência automática da emuná.


Ou seja, não é somente porque acreditamos que tudo está nas mãos do Céu e que o Santo, Bendito seja, é misericordioso e compassivo, e portanto não haveria necessidade de uma obrigação especial (isto é, se o bitachon fosse apenas um resultado automático da fé, não seria uma mitzvá independente).


Mas, como o bitachon é uma obrigação independente, devemos afirmar que essa obrigação consiste em um trabalho espiritual distinto e distinto: que a pessoa confie plenamente no Santo, Bendito seja, a ponto de confiar seu destino inteiramente a Hashem. Como está escrito: "Deixe o que lhe diz respeito nas mãos de Hashem", entendendo que não tem outro apoio no mundo senão Nele, Bendito seja...


E pode-se dizer que esta é a definição de bitachon que está escrita no livro de Chovot HaLevavot: que bitachon é como um servo que está trancado na prisão, completamente subserviente ao seu mestre, e toda a sua confiança é colocada somente em seu mestre, em cujas mãos ele está preso, e nenhum outro ser humano pode prejudicá-lo ou ajudá-lo — somente seu mestre.


Portanto, entende-se que o bitachon no Santo, Bendito seja, funciona de tal forma que não depende dos limites da natureza. Mesmo que, de acordo com as leis naturais, a salvação pareça impossível, quem tem bitachon confia em Hashem, sabendo que Ele não é limitado pelas leis naturais.


E este é precisamente o fundamento do bitachon do ser humano: que o Santo, Bendito seja, lhe fará o bem naquilo que é visível e revelado, mesmo que naquele momento ele não possa ver claramente esse ato de bondade.


Não há diferença, segundo quem tem verdadeiro bitachon, entre se uma pessoa merece receber a bondade ou não, pois acredita que a bondade de Hashem é ilimitada, sem medida ou restrição, e não depende de se alguém a merece ou não. Portanto, ele recebe a bondade de Hashem sem precisar confiar em seus próprios méritos.


(Se não fosse esse o caso, todo o conceito de recompensa e punição neste mundo seria anulado.)


Mas não, bitachon é um intenso trabalho espiritual da alma, e é ele quem traz a bondade de Hashem como resultado do esforço humano de confiar Nele.


Quando uma pessoa se apoia nele com toda sinceridade e profundidade de interioridade, ela influencia o comportamento Divino de tal forma que sua alma está somente em Hashem, sem se preocupar de forma alguma, seu Hashem desperto age com ele midah keneged midah (medida por medida), fazendo o bem a ele mesmo que naquele momento essa bondade não seja vista claramente.


E este é o significado do mandamento: "Confia em Hashem" e mandamentos semelhantes. Ou seja, a pessoa deve confiar seu fardo emocional ao Santo, Bendito seja, tendo fé que Ele lhe fará o bem, visível e revelado.


E quando alguém confia exclusivamente em Hashem, sem calcular se pode ser salvo ou não, então a orientação do Céu também chega a ele milagrosamente, medida por medida.


O Santo, Bendito seja, cuida dele e tem compaixão dele, mesmo que, segundo a lógica humana, não seja lógico que algo de bom lhe aconteça de forma tão visível.

Fonte: Livro - Estoy en Tus manos - Shalom Arush - Jerusalém